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Economia

Lula propõe diálogo para superar medidas protecionistas

Presidente da Argentina provoca Brasil dizendo que protecionismo não é aduaneiro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, se mostraram unidos e cuidadosos com as palavras durante entrevista coletiva à imprensa oferecida após reunião de trabalho realizada nesta quinta-feira (23) na Casa Rosada. Mas, quando o assunto se trata de barreiras comerciais, apesar da tentativa de um discurso afinado, os dois presidentes destoaram.

Lula disse compreender que “em tempos de crise todos os países do mundo tentem cuidar de seu país em função da conjuntura” e, nesse sentido, vários países tomem as medidas que achem necessárias. Lula mencionou que o primeiro a tomar medidas protecionistas foi o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Problemas sempre vamos ter e cada vez que surgirem vamos fazer reuniões, como a de hoje [quinta-feira, 23], para encontrarmos o caminho”, afirmou. Lula destacou que a Argentina e o Brasil “estão comprometidos cada vez mais para criar condições para que o comércio possa fluir com facilidade”.

Já Cristina preferiu provocar o Brasil, dizendo que as medidas protecionistas não são só as aduaneiras. “O protecionismo não deve ser visto só como medidas aduaneiras. Há protecionismo também em medidas fiscais e monetárias. É preciso ter isso bem identificado”, lembrou Cristina. “Quando um País concede incentivos fiscais a suas empresas, isso é protecionismo fiscal. Se há desvalorização da moeda, também há protecionismo”, completou a presidente, em referência a medidas brasileiras de crédito para investimentos e à desvalorização sofrida pela moeda brasileira desde o início da crise.

Apesar do recado, Cristina destacou a importância da reunião mantida com Lula para assinar e aprofundar o processo de integração entre os dois países. Lula disse que a Argentina “sempre será importante para o Brasil” e lembrou o tom de discurso feito por Cristina na reunião do G-20, em Londres, que, segundo ele, reflete o pensamento dos países da América Latina que querem uma nova relação com os EUA. “Vai ser muito bom para a América Latina o novo padrão de relação com os Estados Unidos. E a Cristina deixou isso claro em seu discurso”, disse Lula.