Redação (10/05/06)- O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, revelou nesta quarta-feira (10-05) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que a adoção de medidas para aliviar a atual crise do agronegócio passe a ser “prioridade zero” no governo. A determinação foi dada nessa terça-feira, logo após reunião com o ministro Rodrigues, os ministros da área econômica e da Casa Civil. “O presidente Lula quer que um plano de safra com mais dinheiro e mais barato seja anunciado antes do final de maio”, disse o ministro, após abrir o I Encontro Interamericano de Biocombustíveis, em São Paulo.
Durante a reunião, foi formado um grupo de trabalho que terá que encontrar mecanismos que equacionem a crise. O grupo deve trabalhar em duas frentes já conhecidas: a adoção das chamadas medidas estruturantes (das quais fazem parte o seguro rural) e de ações emergenciais como as divulgadas há um mês, envolvendo apoio à comercialização e renegociação de dívidas. Rodrigues não revelou se a renegociação das dívidas do Pesa e de securitização serão estudadas pelo grupo, mas considera que o pacote emergencial anunciado há um mês resolve 70% dos problemas imediatos dos produtores. Ele, entretanto, reconheceu que as medidas não conseguiram resolver questões graves como o forte aumento do custo de produção.
Rodrigues crê que o governo entendeu que o problema transcende a crise deste ano e que poderá, a médio e longo prazos, ter implicações sobre o controle da inflação. “Teremos uma redução de 12% na área plantada e isso, associado a uma eventual mudança no câmbio, fará as commodities mais caras e terá impacto na inflação”, avalia. “Hoje os problemas da agricultura são muito maiores que há dez anos porque a agricultura é muito maior.”
Quanto às reivindicações que os produtores têm feito por todo o País, o ministro negou que as tivesse considerado inviáveis. Ontem, depois de um encontro com produtores do Centro-Oeste, Rodrigues teria dito que os pedidos eram “impraticáveis”. “O que eu disse ontem é que nada é impraticável, mas acho que fui mal interpretado”, afirmou, reiterando que considera legítimos os protestos.