O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes empresariais brasileiros visitaram Istambul na quinta-feira a fim de garantir uma posição mais forte no mercado interno da Turquia e aproveitar seus laços regionais.
O comércio entre Turquia e Brasil, que totalizou pouco mais de 1 bilhão de dólares no ano passado, poderia crescer até 400 por cento no curto prazo, disse o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, na quinta-feira.
“Devemos ter entre três e quatro vezes isso o mais cedo possível”, disse ele à Reuters.
Com o interesse da Turquia em ser parceira do Mercosul, maior bloco comercial da América Latina, o país também se posicionou como um bom posto avançado comercial para veículos, etanol e tecnologia brasileiros.
“A Turquia tem um lugar especial para o Brasil, porque nossas relações se articulam com o bloco comercial Mercosul. Basicamente o ponto principal dessa parceria seria uma fórmula quatro-mais-um que anularia taxas de importação para os países envolvidos”, disse Jorge, referindo-se à possível nova fórmula de comércio entre os quatro membros plenos do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e a Turquia.
As negociações para a Turquia se tornar parceira avançam lentamente, mas as autoridades permanecem com esperanças de que um acordo seja fechado em breve.
O Mercosul, que reúne Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, poderia enviar bens à Turquia sem tarifas de importação, e os membros do bloco estão discutindo a possibilidade de exportar esses bens sem taxas para a Europa, afirmou Jorge.
A adesão da Turquia à União Alfandegária da União Européia, em 1995, eliminou as taxas de importação entre a UE e Ancara.
A Turquia e o Brasil, dois mercados emergentes, buscam mais parceiros comerciais à medida que União Européia e Estados Unidos sofrem com uma significativa diminuição no crescimento econômico.
“Turquia e Brasil têm um potencial enorme, mas eu acho que não estamos nem mesmo atingindo 10 por cento desse potencial”, disse Lula a líderes empresariais em Istambul.
A Turquia espera aproveitar estimados 230 bilhões de dólares de investimentos em infraestrutura que o Brasil precisa fazer nos próximos quatro anos.
Os preços dos combustíveis turcos também estão entre os mais altos do mundo, e poderiam ser reduzidos com a importação de veículos brasileiros – 90 por cento deles são fabricados com a tecnologia flex que permite a utilização de qualquer combinação de gasolina e etanol.
“Há muitas oportunidades, mas o Brasil tem de ir além da exportação de commodities e estamos planejando fazer isso na Turquia”, disse o ministro brasileiro.
Ressaltando os laços cada vez maiores, a Turkish Airlines anunciou recentemente que daria início a três vôos semanais de Istambul a São Paulo em junho.
A Turquia, que depende de recursos de petróleo estrangeiros para suas necessidades energéticas de aproximadamente 100 milhões de barris de óleo por ano, fechou acordo este ano para que a Petrobras explore dois poços no Mar Negro.
“Estamos planejando investimentos de 300 milhões de dólares em atividades de exploração no Mar Negro em 2009 e 2010. Esse é o custo dos dois poços”, disse o diretor internacional da Petrobras, Jorge Zelada, nos bastidores de uma conferência em Istambul.
A empresa estatal turca TPAO acredita que o Mar Negro tenha cerca de 10 bilhões de barris de óleo que ajudarão a reduzir sua dependência do petróleo estrangeiro.