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Maior impacto será sentido na safra 2009/10

<p>Qualquer mudança se deve a acontecimentos anteriores, como o aumento do custo de produção, dada a alta dos fertilizantes.</p>

Redação (10/10/2008)- Com a compra de insumos e parte da área cultivada, essa turbulência econômica não influenciou e não deve influenciar significativamente as projeções da próxima safra. Qualquer mudança se deve a acontecimentos anteriores, como o aumento do custo de produção, dada a alta dos fertilizantes. Com base neste raciocínio, três dos maiores especialistas brasileiros do agronegócio reunidos ontem na sede da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) traçaram um quadro que, se não é otimista, pelo menos não tem nada de assustador.

"A queda dos preços das commodities vai ser revertida depois que a turbulência passar", disse o economista da Safras e Mercados, Flávio Roberto de França Júnior. "Não é o fim dos tempos. Os preços têm condições de reagir. Dificilmente vão chegar ao pico que tivemos no auge da especulação, em junho e julho deste ano, mas não vão recuar para a média histórica", garantiu. Para ele, a demanda vai ficar menos agressiva em 2009, mas não haverá quedas expressivas no consumo "porque os estoques mundiais vão continuar curtos".

Com isso, a produção brasileira de grãos vai se manter em crescimento, ainda que em ritmo lento. "No caso da soja estimo alta de 3% na safra 2008/2009. É fundamental que tenhamos uma boa colheita, para que os agricultores possam diluir os altos custos, principalmente com fertilizantes e defensivos", comentou. Segundo ele, o temor maior é com respeito à escassez de crédito. "É uma crise do setor financeiro, o que diminui os recursos disponíveis e se reflete na economia real, que precisa de dinheiro para financiar projetos e continuar crescendo", concluiu.

Já o especialista em economia rural e professor da Universidade Federal do Paraná, Eugenio Stefanello, alertou que esta crise vai ter conseqüências no crédito rural mas só na próxima safra, por falta de recursos em função da redução dos depósitos à vista e das exigibilidades bancárias; seletividade maior e prazos menores; aumento dos juros de mercado; e atraso na liberação de crédito e limite de oferta. Segundo ele, "um aumento dos custos de produção é irreversível e deve chegar a 20% no final de 2009, e as taxas de juros devem passar de 10% para até 22%".

Para Stefanello "o agricultor deve enfrentar a crise com redução de investimentos" e adotar a venda parcelada para conseguir um preço médio. A prioridade deve ser o pagamento de dívidas e a recomposição do fluxo de caixa..

O também economista e sócio diretor da Tendências Consultoria, Juan Pedro Jensen Perdomo, fez uma avaliação da situação do mercado financeiro internacional na mesma direção: "Em 2009 teremos uma desaceleração econômica, as empresas vão investir menos, vai faltar crédito para consumo, e vai ficar mais caro. A expansão do crédito em 2009 vai ser muito menor", explicou. "Podemos esperar uma desaceleração forte. As empresas vão produzir e contratar menos", alertou. Para ele, " o câmbio no momento está complicado. A restrição de crédito, a saída de capital estrangeiro, está pressionando a taxa. O movimento atual, que chegou a R$ 2,45, não reflete os fundamentos econômicos do Brasil.

Baixando a poeira, a taxa volta a operar em patamares mais baixos, em torno de R$ 2. Porém o prazo para isso acontecer é incerto. Estamos no pior momento da crise. Mas dificilmente vamos observar a taxa no patamar anterior de R$ 1,55 ou R$ 1,60", concluiu.