Da Redação 14/12/2005 – O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, afirmou que as cooperativas agropecuárias responderão por US$ 2 bilhões em exportações em 2005, mesmo resultado de 2004. “Apesar do câmbio desfavorável, as cooperativas repetirão o faturamento em 2005”, disse. No acumulado até outubro, as cooperativas faturaram US$ 1,8 bilhão com os embarques de produtos agrícolas, crescimento de 2,9% na comparação com igual período de 2004.
De acordo com ele, houve incremento das exportações de produtos com maior valor agregado, como açúcar e carnes de frango e suína. No caso do café, os preços médios de exportação subiram, o que também beneficiou as cooperativas. Freitas creditou o incremento no acumulado do ano a uma linha de crédito do governo federal destinada à agregação de valor da produção agropecuária, o Prodecoop.
Estimativas da OCB mostram que as cooperativas agropecuárias respondem por 41% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio. “A perda de renda dos produtores rurais também afetou o desempenho das cooperativas”, disse. Os números finais da participação do cooperativismo na economia do campo e do País devem ser divulgados no começo de janeiro. Por causa da seca, o Ministério da Agricultura calcula perda de renda de R$ 17 bilhões para os agricultores em 2005. Freitas lembrou que outras estimativas indicam que esse valor pode chegar a R$ 24 bilhões.
O número de cooperativas registradas na OCB subirá para 7.363 até o final de 2005, estimou Márcio Lopes de Freitas. No final de 2004, esse número era de 7.136. O aumento é de 3%. Ele disse que não se surpreende com essa variação. “Nas regiões Sul e Sudeste, onde o cooperativismo é mais forte, estão acontecendo fusões, o que é uma tendência natural”, avaliou.
Ao fazer um balanço do setor cooperativista em 2005, ele criticou o governo, mas não citou nomes. “O governo federal não cumpriu as promessas de apoio ao desenvolvimento do cooperativismo. O balanço é de decepção com as políticas públicas”, afirmou. “Não são culpadas as pessoas nem o presidente Lula, mas sim a conjuntura”, completou. Ele cobrou a aprovação de uma lei específica para o setor cooperativista e uma legislação tributária diferenciada.
Em relação ao cooperativismo de crédito, a participação no total movimentado pelo sistema financeiro deve subir de 2,25% em 2004 para 2,5% neste ano. São 1.400 cooperativas de crédito no País, crescimento médio de 10% nos últimos anos. “Parece pouco, mas é muito para uma atividade que está começando”, argumentou. O Banco Central só permitiu que as cooperativas operassem nesse segmento em 1996. As cooperativas de crédito contam com oito mil postos de atendimento em todo o País. “60% desses postos estão instalados em municípios onde não há bancos”, completou.