As especulações sobre os reais motivos do embargo russo às carnes bovina, suína e de frango do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso – que vigora desde o dia 15 – devem ser esclarecidas pelo próprio país importador.
Moscou vai ditar passo a passo o que o Brasil precisa fazer para recuperar o mercado, conforme diplomatas brasileiros que tentam reverter a situação e organizam uma missão de esclarecimento ao parceiro comercial.
Ao anunciar o embargo, a Rússia alegou que o Brasil não está inspecionando o abate como deveria. A Associação Brasileira de Frigoríficos nega problemas sanitários ou relaxamento da fiscalização. O governo informou que pode provar que existem frigoríficos dentro das normas nos três estados bloqueados. Setores público e privado avaliam que determinação russa tem fundo econômico e garante mercado para a produção doméstica. Paraná e Rio Grande do Sul teriam sido escolhidos por serem grandes produtores e suínos e Mato Grosso por ser reduto da bovinocultura.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirma que, a julgar pela posição de seu colega russo, Sergey Lavrov, o problema “sanitário” pode ser resolvido em breve. Segundo Patriota, Moscou garante que dará tratamento técnico ao assunto.
Em vez de receber uma missão brasileira, a Rússia prefere enviar novamente monitores ao Brasil. A princípio, os diplomatas brasileiros tratam o assunto como uma questão de esclarecimento. Mas, se houver adaptações a serem feitas, o mercado adianta que deverá se curvar às exigências, principalmente no setor de suínos, que enfrenta demanda apertada e preços abaixo dos custos entre os produtores.
O Brasil exporta, em média, 14 mil toneladas de carne de porco por mês para a Rússia. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, as suspeitas dos russos contra a carne suína brasileira são infundadas. Segundo ele, o modelo do Brasil no que se refere à saúde no campo e às condições dos frigoríficos é exemplo internacional.
As barreiras para a entrada de pessoas nos criadouros na Europa são consideradas menos rigorosas do que as praticadas no Brasil. Estangeiros podem visitar criadouros após desinfetarem os sapatos e vestirem jalecos. No Brasil, na maior parte das unidades, as visitas são simplesmente proibidas.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que vai responder de forma rápida e inspecionar novamente todos os frigoríficos habilitados a exportar para o mercado russo.