Malásia pode anunciar a abertura de seu mercado à carne de frango brasileira nos próximos 90 dias, segundo o diretor de mercados da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Ricardo Santin. Uma missão malaia encerrou nesta terça, dia 15, uma visita de 17 dias ao país, período no qual esteve em 18 frigoríficos, dentre entre eles unidades da BRF – Brasil Foods, Doux Frangosul e Seara/Marfrig.
“A missão foi muito positiva. Além da visita a campo, eles ouviram nossa exposição técnica e acharam que o sistema de defesa sanitário brasileiro muito parecido com o adotado pelo governo malaio”, disse Santin.
De acordo com ele, o relatório da missão e os questionários respondidos pelas empresas serão analisados por um painel de autoridades do governo da Malásia. Este painel é que decidirá, dentro de 90 dias, a abertura do mercado malaio, com a habilitação das unidades frigoríficas brasileiras.
“A Malásia é um país que é considerado um hub no mercado de exportação halal e é um sonho do Brasil. Nós buscamos há mais de 10 anos tentar abrir a Malásia. O Brasil é hoje o maior exportador halal do mundo e a gente espera que a Malásia abra logo esse mercado para em 2011 a gente poder estar vendendo . Abrir o mercado da Malásia é como se fosse abrir Europa, uma chancela para países que praticam o Halal”, declarou Santin, que não disse quanto é o total de frango importado pela Malásia.
Santin, no entanto, ressaltou que o país possui 28 milhões de habitantes e é um dos principais mercados consumidores do produto com o sistema Halal, com abate realizado dentro dos preceitos do Alcorão.
África do Sul
O presidente executivo da Ubabef, Francisco Turra, entrou em contato com alguns importadores da África do Sul e com o embaixador do Brasil no país para esclarecer acusação de prática de dumping nas vendas do frango brasileiro feita pela Associação Sul-Africana de Frango, veiculada nesta quarta, dia 16, pela imprensa.
“Temos absoluta convicção de que essa acusação deles não irá prosperar, porque já estamos conversando com alguns importadores e com o embaixador brasileiro no país a respeito disso, explicando que a acusação não procede. Estamos abertos também para conversas com os produtores daquele país, se necessário”, afirmou o executivo.
Turra acredita que as acusações são as mesmas ocorridas em 2009, de que empresas brasileiras estariam vendendo a carne de frango a preços inferiores aos praticados nos mercados locais, resultando em concorrência desleal.
“Na época, fomos até lá, conversamos com todos os participantes e não houve provas de que estávamos praticando dumping e a pacificação entre os dois países foi retomada”, disse.
De acordo com o executivo, a África do Sul importa cerca de 181,5 mil toneladas por ano de frango, equivalente a 5% do total de vendas externasdo produto do Brasil.
“Há espaço para eles e para nós também”, declarou Turra.
O país é responsável por 5% das exportações de frango brasileiro, com uma média anual de embarques de 160 mil toneladas.
“Temos essa fatia grande, porque a África do Sul já tem uma ação de dumping contra os Estados Unidos, impedindo que o país exporte para a região”, ressaltou.