Pela primeira vez como ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Blairo Maggi foi a Curitiba (PR) se reunir com as principais lideranças do agronegócio paranaense para discutir meios de melhorar as políticas públicas para o setor no País. Entre tantos temas fundamentais, ele defendeu a ampliação da participação dos produtos agropecuários brasileiros no mercado internacional de 7% para 10%, em cinco anos, investindo seriamente na derrubada das barreiras comerciais por meio de muita negociação e ajustes nos processos de produção de modo a atender as exigências dos países compradores (tanto os atuais parceiros comerciais, quanto novos mercados).
“Não me refiro à soja e milho para essa ampliação de mercado, creio que esse ganho de US$ 300 bilhões na movimentação de divisas do agronegócio brasileiro passa pelo aumento na produção de aves e suínos, visando atingir um volume total de negócios do agro de US$ 3 trilhões, daqui cinco anos”, acredita o ministro.
Maggi entende que alguns entraves aos produtos brasileiros dependem de uma boa negociação com cada comprador. “Na questão ambiental, basta olhar para o território brasileiro, comparar o quanto dele é destinado às áreas indígenas, com 13%, e de reservas florestais e Áreas de Preservação Permanente, que somam 11%. Somente 8% do território brasileiro é ocupado pela agricultura, isso significa que já temos o Green Card Verde, só falta mostrar o passaporte para os nossos produtos avançarem no mercado internacional. Temos um enfrentamento muito grande para fazer fora, pois precisamos voltar a renegociar com nossos compradores”, avaliou. E a demanda de novos mercados consumidores como da classe média coreana e vietnamita, além da indiana, tende a facilitar o alcance dos 10% de participação no mercado internacional. “Não podemos ficar refém da China. Aquela velha história de apostar todos os ovos em uma cesta não funciona, pois ficamos vulneráveis a qualquer problema que, eventualmente, venha a ocorrer nas relações comerciais com os chineses”, orientou.
Inspeção dispendiosa
O ministro recebeu na Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) um documento com 10 sugestões efetivas para a melhoria do setor que incluem desde a inspeção agropecuária até seguro rural, passando por redução dos juros, investimentos em extensão rural e qualificação e erradicação de pragas e doenças que afetam a produção. Estiveram presentes na reunião de trabalho o governador Beto Richa, o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, o superintendente do Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Renato Nobile, o presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, e o presidente do Instituto Emater, Rubens Niederheitmann, entre outras lideranças. Dessas 10 sugestões, Ortigara disse considerar que três assuntos sejam mais viáveis: sanidade, pesquisa e assistência técnica. “Essa é a terceira vez em menos de 60 dias que encontro o ministro para sensibilizar a União de ser parceira dos estados no que se refere à inspeção agropecuária. Hoje, a União não gasta nem 1% do que os estados arcam para fazer esse trabalho estratégico para o País, pois é o que garante o comércio internacional. A principal despesa é com capital humano e uma das saídas poderia ser no compartilhamento de gestão de pessoas”, sugeriu Ortigara.
Ciente da dificuldade de onerar a União diante da previsão de um rombo de R$ 139 bilhões nas contas públicas, Ortigara defendeu que um dos caminhos a ser seguido pelas entidades agropecuárias é o de mudanças na fiscalização do abate de animais.