A produção de carne suína em Mato Grosso pode crescer 193% nos próximos dez anos. Isso porque o estado, que no ano passado produziu 200 mil toneladas desse tipo de carne, pode passar a produzir 500 mil toneladas até 2025. Os dados fazem parte da projeção Outlook 2025, divulgada nesta semana pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e realizada junto com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Segundo o estudo, a carne suína tem o maior potencial para crescer nesse período, seguida pelas carnes de aves, que podem apresentar um crescimento de 94%, e da carne bovina, que pode crescer 46%.
A produção da suinocultura no estado é ainda a menor entre as três carnes no estado. São produzidas 1,3 milhão de toneladas de carne bovina e de 600 mil toneladas de carne de aves. O superintendente do Imea, Otavio Celidonio, ressalta que a projeção registrou esse aumento mais expressivo para a produção de carne suína devido à demanda crescente, tanto nacional quanto internacionalmente.
No entanto, ele lembra que essa atividade é marcada por ciclos. Quando há o aumento da produção de carne suína, logo em seguida o suinocultor observa que o preço pago pelo quilo da carne cai e isso influencia a próxima produção. Os suinocultores do estado possuem hoje 135 mil matrizes ou fêmeas reprodutoras. “Vemos que a suinocultura deve ter um aumento expressivo, mas não deve ser um caminho tão fácil”, pontua Celidonio.
Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) vê o crescimento da produção de carne suína como uma tendência, mas também com cautela.
O diretor executivo da associação, Custódio Rodrigues de Castro Júnior, explica que a suinocultura tem particularidades diferentes, depende do mercado de altos e baixos. “Esse crescimento é salutar, mas a tendência é que seja mais lentamente. O que observamos é que o primeiro trimestre do ano que vem tem nos preocupado bastante, por causa do momento econômico do país. Estamos otimistas mas olhamos com cuidado”, diz.
O Outlook 2025 também prevê um aumento na oferta de milho (+113,2%) e soja (+74,4%) no estado. Segundo o diretor, o setor recebe essa notícia com interesse, já que Na suinocultura, a oscilação do preço depende do custo da soja e do milho. Ele comenta que o custo para produzir um quilo de carne suína em Mato Grosso está em torno de R$ 2,80 a R$ 2,90 e é vendido a uma média de R$ 3,20.
Aves
Para a avicultura, o segundo setor da pecuária que mais pode crescer até 2025, a previsão é de que a produção de carnes passe de 600 mil toneladas para 1,1 milhão de toneladas em dez anos. Isso significa um aumento de 94%.
O presidente da Associação Mato-grossense dos Avicultores Integrados (Amavi), Tarcísio Schreider, destaca que o setor está aquecido com a valorização do dólar, pois ao exportar, os frigoríficos recebem um valor maior em reais.
O estado possui cinco frigoríficos em Várzea Grande, Lucas do Rio Verde, Nova Marilândia, Tangará da Serra e Sorriso. Segundo o presidente, se os investimentos anunciados por uma das empresas se concretizar, o setor tem tudo para crescer. “Outra empresa de Tangará da Serra e de Sorriso também foram adquiridas recentemente, acredito que haverá um investimento alto”, comenta.
O setor também viu com bons olhos a informação de que a disponibilidade de soja e milho vai crescer expressivamente nos próximos anos. “O maior custo da avicultura é com milho e soja, se tem uma maior disponibilidade de grãos, isso já incentivaria a agroindústria a vir para cá”, analisa.