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Exportação

Média diária de exportação cai 10% no mês

O comportamento do comércio exterior brasileiro está, em abril, abaixo das expectativas do próprio governo.

Média diária de exportação cai 10% no mês

O comportamento do comércio exterior brasileiro está, em abril, abaixo das expectativas do próprio governo. A ligeira alta das exportações na terceira semana de abril foi insuficiente para evitar que a média diária das vendas ao exterior caísse, nos primeiros 22 dias do mês, mais de 10% em relação às três primeiras semanas de abril de 2011.

A retração nas vendas açúcar, alumínio e óleo de soja em bruto, principalmente, derrubou em quase 14% as exportações de semimanufaturados – segmento de pior desempenho no mês, até agora – na mesma comparação.

Com o desempenho do comércio, a diferença entre exportações e importações resultou em saldo positivo de US$ 103 milhões, insuficiente para compensar o mau desempenho da primeira semana do mês. A balança comercial, até sexta-feira passada, somava déficit de US$ 177 milhões. No ano, o país tem saldo positivo de US$ 2,26 bilhões, pouco mais da metade dos US$ 4,2 bilhões registrados em igual período do ano passado.

O que chama a atenção de especialistas, como o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, é o fato que, em abril há, tradicionalmente, uma alta forte nas exportações; o aumento de apenas 4,4% na média diária, registrado desde o começo do ano nas vendas externas, se explica fundamentalmente por fatores pontuais, como a antecipação de embarques de soja e uma operação isolada de venda de energia elétrica à Argentina, acredita ele.

“Não fosse por esses fatores excepcionais, que não se repetem, estaríamos praticamente sem nenhum aumento nas exportações, até agora”, disse o vice-presidente da AEB.

O que salvou o saldo da balança comercial foi o comportamento também medíocre das importações, com a desvalorização do real e a desaceleração da economia. As compras de produtos no exterior ficaram, em média, iguais às de abril do ano passado, em menos de US$ 965 milhões diários, embora tenham subido 12% em relação aos valores de março deste ano.

O que mais subiu, entre as compras no exterior, foram as importações de combustíveis e lubrificantes (60% a mais que em março, 25% acima de abril de 2011). As importações de siderúrgicos e farmacêuticos ficaram, ambas, mais de 9% superiores ao registrado em abril do ano passado. Comparadas as médias diárias de 2012, até a semana passada, e do mesmo período no ano passado, as importações totais cresceram 8,3%.

O comportamento negativo de algumas das principais commodities de exportação – soja, minério de ferro e café – foi a maior razão da queda de quase 13% nas exportações de produtos básicos, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Para Castro, os dados do comércio exterior ainda são insuficientes para traçar a tendência neste ano e ele mantém a previsão – uma das mais pessimistas do mercado – de US$ 3 bilhões de saldo positivo na balança comercial deste ano.

O governo monitora com preocupação os dados do comércio. Ainda é cedo para saber se mostrarão algum reflexo da recente valorização do dólar e das medidas de estímulo à indústria anunciadas no início do ano pela presidente Dilma Rousseff.

“O resultado do comércio exterior está claramente dependente da atuação das commodities, não tem vida própria”, avalia Castro. Nessas condições, a instabilidade na Europa é motivo de forte preocupação, alerta o especialista.

País vende 17% menos para Argentina em março

O Brasil puxou a queda das importações na balança comercial da Argentina em março, segundo o relatório divulgado ontem pelo Indec, o instituto de estatísticas do país. Em decorrência das barreiras comerciais criadas desde fevereiro, as vendas brasileiras para a Argentina caíram 17% em março, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foram exportados para o mercado argentino US$ 1,464 bilhão, ante US$ 1,753 bilhão em março de 2011.

É a maior variação percentual no comércio externo da Argentina com países e blocos econômicos. A segunda maior retração ocorreu com os países do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), que reduziram suas vendas em 14%. No caso do Chile, houve queda de 10%. Nos países da Ásia, houve retração de vendas de 3%. As importações da Argentina subiram 6% em relação à União Europeia.

O relatório mostra que no primeiro trimestre houve queda de 10% nas vendas brasileiras, que recuaram para US$ 4,219 bilhões, ante US$ 4,699 bilhões no primeiro trimestre do ano passado.

As exportações da Argentina para o Brasil também caíram, em função da redução da atividade da indústria brasileira, e não de barreiras extra-alfandegárias. De acordo com o relatório, houve queda de 3% no trimestre, passando de US$ 3,858 bilhões para US$ 3,738 bilhões. No último mês, essa queda se acelerou, com recuo nas vendas argentinas de 5%. Em termos globais, a Argentina teve um corte de importações de 8% em março, na comparação com o mesmo mês de 2011. As compras do país ficaram em US$ 5,199 bilhões. As exportações argentinas no mês foram de US$ 6,276 bilhões.