A continuidade da suinocultura depende do comportamento do mercado. Tanto de carnes quando de insumos. Nesta série, a ACCS mostrou as dificuldades enfrentadas pelo setor para manter a produção. Fatores como a baixa no preço pago e custo elevado dos insumos, provocam crises freqüentes, que acabam desenhando o cenário da suinocultura. “O preço do suíno pode não ser tão baixo, mas o que compromete é o alto valor dos insumos”, destaca o presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster.
Oscilações que precisam ser controladas, ou pelo menos, contar com uma política de preços ou ações que possam auxiliar os produtores. Responsabilidade que sozinhos, os suinocultores não conseguirão carregar. “Não é um problema do produtor, mas sim do estado. É preciso encarar as dificuldades e buscar soluções urgentes. Hoje todo o transporte é sobre rodas, o país precisa repensar essa estratégia, pois o insumo para os nossos produtores vem de muito longe e possui muitos valores agregados. Mesmo assim, conseguimos ter competitividade, mas não é suficiente”, acrescenta o pesquisador Jonas dos Santos Filho.
A suinocultura é apenas uma das atividades agropecuárias que depende do avanço do país para que possam crescer, ao invés de recuar. Condições, os segmentos agropecuários possuem, afinal, foram esses setores que impulsionaram o movimento econômico dos últimos 30 anos no país. Mas, para a Embrapa Suínos e Aves, as atividades não podem esperar, as medidas são urgentes. E até lá, é preciso criar alternativas. “A cooperação sempre é uma boa estratégia, por isso é interessante que os produtores estejam unidos e conquistem maneiras de adquirir insumos ou produtos por valores menores. Um exemplo é fretar um caminhão e ir até lá buscar esse insumo, não podemos esperar que as soluções cheguem é preciso ir conquistá-las”, pontua o pesquisador.
União, essa é a característica que a suinocultura precisa ter para não morrer após 50 anos de muito trabalho. Consumidores, sempre existirão principalmente aqueles que carregam a cultura do consumo de carne suína. Lá fora, no mercado externo, também, mas é preciso incentivo e vontade política. Mas enquanto não há sinais de reação, todos precisam colaborar principalmente as indústrias, que não podem ampliar a produção em pleno período de oferta excessiva. “No caso da cooperativa, não temos aumentado o abate nos últimos anos. Acreditamos que a ampliação do abate ou da produção não é um ponto positivo para nenhum dos sistemas da suinocultura, significa apenas prejuízo”, completa Lanznaster.
Para a Emprapa Suínos e Aves, se houver um controle da produção, o preço pago pode ser equilibrado. Já que o cenário dos insumos está praticamente definido para o restante do ano. “Esse ano o custo de produção está relativamente definido, o preço do milho deve se manter nos mesmos patamares e o farelo de soja segue em valorização. É difícil falar de valores em um país que possui câmbio livre, por isso, neste cenário podemos afirmar que é pouco provável registrarmos redução no custo de produção”, define Jonas.
O que preocupa a suinocultura catarinense e brasileira. Ainda segundo a Embrapa Suínos e Aves, o governo está preocupado com a economia em geral. Mas não é suficiente para ajudar o setor. É preciso que os produtores busquem alternativas, antes de ser tarde demais. “Aí eu quero ver quem vai voltar a criar o tal do suíno. É uma atividade de risco e os produtores estão cansados da atividade. Por isso, precisamos urgente de um incentivo político é preciso olhar para o setor, não ignorar como vem sendo feito. Dessa maneira está acabando tudo e vai acabar logo”, completa o suinocultor Claudio Rovani.
Para a ACCS, um Preço Justo para produzir seria o primeiro passo para o início da valorização dos suinocultores brasileiros. “É uma evolução bonita, mas que não tem remuneração para continuar. Hoje eles querem desistir e isso nos entristece, não é bom ver o setor decaindo desta maneira, precisamos salvar a suinocultura”, finaliza o presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi.