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Menos suínos para Rússia

Exportações de suínos para a Rússia recuam 78% em julho. Embargo russo foi responsável por esta queda acentuada.

Menos suínos para Rússia

O impacto do embargo russo às carnes brasileiras, principalmente aos suínos, foi devastador no mês de julho, com queda de 17% nos embarques totais se comparado ao mesmo mês do ano passado. Esse foi o pior resultado da suinocultura brasileira desde 2001. Com isso, os estados mais afetados, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná, devem fechar o saldo do mês com queda superior a 30%. Somente nos embarques para a Rússia a queda foi de 78,09% em volume na comparação com o mesmo mês de 2010.
Em junho deste ano, o embargo russo já estava anunciado. Entretanto, o país resolveu ir às compras antes do fechamento de seu mercado. Isso rendeu ao Brasil um incremento de 12% ante o mesmo mês do ano passado. Em junho de 2010 o País exportou 46,9 mil toneladas de carne suína, e este ano 52,7 mil.

O bom resultado do mês, aliado à expectativa de reabertura do mercado ainda no final de julho, ajudou a elevar o preço da carne e trouxe um certo alívio ao setor no Brasil. Mas o conflito de interesses entre os países, e a comunicação deficiente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com o serviço fitossanitário russo, veio como “um balde de água fria” nos planos brasileiros. “Essa história da Rússia é muito complicada, vemos que o problema é exatamente o que falávamos no começo. O Brasil tem uma culpa muito grande nisso, pois nem ao menos conseguiu responder as indagações russas. E quem paga o pato somos nós”, disse Carlos Geesdorf, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS).

Em julho, uma queda de 17,52% em volume nas exportações de carne suína brasileira confirma o prejuízo causado pelo embargo sanitário russo decretado em 2 de junho e que entrou em vigência no dia 15 daquele mês. Em julho, o Brasil vendeu para o exterior 36,1 mil toneladas e obteve uma receita de US$ 93,85 milhões ante US$ 108,22 milhões. Uma queda de mais de 13%. “Continuamos esperançosos com a rápida solução para o embargo, pois entendemos que se trata mais de uma questão burocrática e de desencontro entre autoridades sanitárias dos dois países do que de fato uma questão técnico-sanitária”, afirmou Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).

O Rio Grande do Sul foi o principal afetado em relação a queda nas vendas ao exterior. Segundo a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), em julho deste ano o estado exportou somente 9,6 mil toneladas, contra as 16,3 mil do ano passado. “Na verdade, o Ministério da Agricultura brasileiro está fazendo uma grande trapalhada. Foram para a missão e disseram que tudo se resolveria rápido. Mas, novamente, os russos reclamaram das informações brasileiras. E nós fechamos com uma queda de 40% nas exportações de carnes suínas”, disse Valdecir Luis Folador, presidente da entidade.

No Paraná, a quebra nos embarques do mês passado podem superar a marca de 20%. Entretanto, o que mais preocupa o estado é o recuo dos preços dessa carne no mercado interno. “O reflexo no mercado foi bastante notório em julho, e os preços que vinham subindo já começam a recuar novamente, tememos agora o mês de agosto, que pode ter os preços ainda mais baixos”, disse Geesdorf da APS.

O terceiro estado embargado pelos russos, o Mato Grosso, prevê um recuo nas exportações de suínos superior a 30%. Segundo Paulo Lucion, presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), os produtores já começaram a perder as esperanças quanto a uma definição a curto prazo e poderão abater as matrizes. “Quando saiu a notícia do embargo os preços despencaram, passando de R$ 2,4 o quilo, para R$ 1,4. No final de julho, os preços voltaram a subir, mas como o fim do embargo não se concretizou eles voltaram a recuar. E estamos preocupados com nossa competitividade”.