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Economia

Mercado da Carne Suína: O que esperar do mercado interno e externo?

Produzir carnes no Brasil é lidar com o incerto. Sem valores mínimos, os produtores enfrentam diariamente a insegurança do mercado.

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Produzir carnes no Brasil é lidar com o incerto. Sem valores mínimos, os produtores enfrentam diariamente a insegurança do mercado. De um lado da balança o peso da produção dos animais, de outro, o rendimento sobre a venda, que infelizmente hoje é cada vez menor. Fatores que comprometem os lucros e desanimam. Análise, difícil de ser aceita por quem produz alimentos, proteína, que abastece milhões de pessoas todos os dias. “Não temos lucros, somente despesas. Então precisamos contar com os bancos, as cooperativas para financiar as dívidas e com isso manter a alimentação dos animais, até que a situação mude”, explica o suinocultor Cláudio Rovani.

Expectativa. É com Esse sentimento que a suinocultura resiste aos longos cinco anos de instabilidade frequente. Mas é difícil compreender o motivo da falta de remuneração, quando se tem consumo, e o principal, apreciadores fiéis da carne suína, que não levam em conta o custo que possui no supermercado. “Não analisamos o preço, mas sim a qualidade. A carne suína é saudável, saborosa, em nossa casa sempre está em primeiro lugar”, declara o consumidor Adelar Ferreira.

É a típica tradição brasileira, gente que está aprendendo a dar valor à qualidade de vida e pagar por esse preço, seja carne in natura ou em cortes, a carne suína, por aqui, sempre está presente de alguma forma. “De todas as maneiras, frita ou de panela. A Carne Suína combina com a tradicional polenta ou mandioca”, descreve a consumidora Carmen Sebem.

Dona Carmen é uma das consumidoras que impulsionam a ampliação das vendas de carne suína no Brasil. E que, através desse consumo, pode ajudar a justificar o baixo preço pago aos produtores. Para atender a demanda interna e externa de carne suína, a produção e industrialização seguem em grande escala, o problema é que no meio do caminho, alguém decide parar de comprar. E mesmo assim o processo continua, sobrando muita carne no mercado interno. Resultado, crise no setor. “Por isso acreditamos que a Crise na Suinocultura vai permanecer dois ou três meses, mas a torcida é grande para que haja maior exportação. Não interessa quem irá exportar, o importante é que o excesso saia do mercado interno”, esclarece o presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster.

Mesmo sem novos mercados de imediato, nos três primeiros meses do ano, já foram exportados mais de 123 mil toneladas de carne suína. “O Mercado Internacional é relativamente bom e precisa ser cultivado. Um exemplo que ainda não traz resultados positivos é a exportação da China, mas precisa ser mantido para desafogar a produção. Por outro lado contamos com mercados extremamente necessários, como Ucrânia, Rússia, Hong Kong”, acrescenta Lanznaster.

Esforço em conjunto para desafogar o mercado.  Pois quando há muita oferta, o preço cai. “Esse é o cenário da suinocultura desde o início do ano, a produção é muito grande e a comercialização não cresceu”, destaca o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Jonas dos Santos Filho.

Os reflexos da falta de escoamento de carne suína nos primeiros meses do ano são observados por todo o setor. As chamadas oscilações de vendas e preços não trazem benefícios para ninguém quando o assunto é suinocultura. “Tanto o sistema integrado ou independente sente os reflexos da crise”, pontua Lanznaster.

Entre os principais países que consomem carne suína estão: Hong Kong, Ucrânia, Rússia, Angola, Cingapura, Uruguai, Argentina. Destinos que fortalecem a produção do Brasil e trazem remuneração ao setor. Mas quando há quebra da importação, a situação é inversa. “A crise também reflete os problemas enfrentados devido às exportações para a Argentina e Rússia, situações que ajudaram a inflar o problema vivenciado hoje pela atividade”, destaca o pesquisador.

 E para barrar também o crescimento da suinocultura ou o escoamento da produção, o setor encontra outro problema, a demora na abertura de novos mercados. Mesmo com muitos países interessados por Santa Catarina, devido ao seu reconhecimento sanitário, a burocracia e a falta de uma política para o agronegócio, tornam os passos ainda mais demorados. “Existem exigências difíceis de cumprir, como a fiscalização na linha de abate, mas não é responsabilidade das indústrias, mas sim do governo, que não possui profissionais para inserir nas agroindústrias”. Um exemplo claro, os empresários coreanos e japoneses querem comprar carne de Santa Catarina, mas ainda não podem. Analisamos, portanto que é preciso mais vontade política”, esclarece Lanznaster, sobre a abertura de novos mercados.

Com a falta de incentivo para o Agronegócio, em especial a produção de carnes, a preocupação das indústrias e dos produtores é com a desistência e o desinteresse de todos os envolvidos. Para o setor, falar de mercado não é fácil, mas é preciso dizer, que analisando a suinocultura, hoje o Brasil não está preparado para o crescimento que se propôs a incentivar. “Não, o governo não auxilia o setor de carnes, sempre há incentivo para as indústrias, mas para esse segmento não. O Agronegócio em si não recebe benefícios, pelo contrário, não está sendo visto como um setor que enfrenta dificuldades. O governo acredita que pelo fato de exportar a situação é positiva, mas posso afirmar, não é, precisamos de apoio, precisamos de olhares diferenciados para o setor de carnes, tanto é que existem muitos frigoríficos a venda, é só olhar e ver, o real cenário da suinocultura”, finaliza o presidente Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster.