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Avicultura

Mercado de aves passará por modernização, afirma Ubabef

Uma auditoria está sendo feita em nível nacional para reconhecer os pontos fracos da cadeia produtiva.

Mercado de aves passará por modernização, afirma Ubabef

 O segmento de aves inicia um processo de modernização no Brasil. O presidente da União Brasileira da Avicultura (Ubabef), Francisco Turra – que se reuniu ontem (27) com representantes do setor de frango da Região Sul -, disse que há uma auditoria sendo feita em nível nacional para reconhecer os pontos fracos da cadeia produtiva. O objetivo é reforçar, com investimento, a competitividade do ramo.
Ontem, Turra discutiu com empresários avícolas os prejuízos causados nos estados sulistas pela estiagem prolongada no início deste ano. Santa Catarina e Rio Grande do Sul terão de dobrar a compra de milho de outros estados para sustentar a produção de aves em 2012. O volume importado passará de 1,5 milhão para três milhões de toneladas, no caso dos catarinenses, e de dois milhões para quatro milhões de toneladas, para os gaúchos.
“O grande problema do Sul é que o milho está sempre faltando, e muito. Em segundo lugar, há a necessidade de uma modernização da infraestrutura avícola, que [hoje] causa perda de competitividade”, observou Turra. Como foram pioneiros na produção de frango no País, os estados sulistas apresentam equipamentos de produção “envelhecidos”, segundo o representante – que achou exagero falar em “sucateamento”.
Turra afirmou que o caso do Sul não é o único. “O Centro-Oeste tem ração barata, mas a logística é cara. Os estados do Sul não têm milho, porém bons portos. É preciso discutir a competitividade do segmento”, disse.

Disputa

No ramo das aves, há uma concorrência histórica entre os estados do Sul, que são os maiores e mais antigos produtores de frango do Brasil. “Os três estados perfaziam, até pouco tempo, 73% da produção e exportação brasileiras”, contou Turra, “é claro que entre eles, invisivelmente, há uma disputa, que ainda é mais forte entre Santa Catarina e o Paraná, pois o Rio Grande do Sul perdeu espaço”, analisou.
Os sindicatos e associações sulistas do setor avícola sempre publicam balanços comparando o resultado do estado com o do vizinho. “Nas notícias, sempre se diz que Santa Catarina passou o Paraná ou vice-versa”, notou o representante nacional.
Autossuficiente em milho, o Paraná é onde mais se produz carne de frango no País. Em 2011, o resultado da produção estadual foi de 13,059 toneladas – crescimento de 6,8% sobre o ano anterior -, de acordo com a União Brasileira de Avicultura (Ubabef). 30,2% destinaram-se às exportações, que renderam US$ 2,048 bilhões, com 1,036 bilhão de toneladas enviadas para o exterior, segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).
“O que sustenta o segmento é a exportação”, afirmou uma fonte da Secretaria de Agricultura e Abastecimento paranaense. “O Paraná é o primeiro produtor do Brasil e rivaliza com Santa Catarina, por este ser o maior exportador”, disse.
O diretor-executivo do Sindiavipar, Ícaro Fietcher, lembrou que as empresas paranaenses não passaram incólumes pelo embargo russo, em meados de 2011, ao contrário das companhias catarinenses, que se livraram. As exportações do Paraná, portanto, foram afetadas.
Santa Catarina exportou 1,043 bilhão de toneladas de carne de frango no ano passado, cerca de cem mil toneladas a mais do que o estado vizinho. Mas a maior diferença está no valor da carne exportada: os catarinenses geraram US$ 2,406 bilhões na relação com o mercado externo, valor quase 20% maior do que o resultado do Paraná.
“A carne de ave exportada por Santa Catarina tem maior valor agregado que o produto paranaense por uma razão: Santa Catarina exporta mais carne de frango desossada do que o Paraná”, explicou uma fonte ligada à Coopercentral Aurora, citando como exemplo a coxa e sobrecoxa desossadas que a cooperativa vende para o Japão. “Esses produtos são feitos manualmente, não há maneira de mecanizar a operação. E no Paraná, esse tipo de mão de obra é escasso”, continuou.
Por outro lado, a agroindústria catarinense sofre pressão na base da cadeia produtiva, tendo que pagar mais caro pelo milho que não produz. “Há um incremento no custo do milho que certamente pesa no custo de produção do frango”, analisou o chefe do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) de Santa Catarina, Ilmar Borchardt, alertando para o risco de “fuga” de frigoríficos do estado.