Depois de um ano difícil, o preço internacional do frango começou a mostrar sinais de recuperação. O mercado aposta que 2010 será bom para o setor. Saiba como está a situação no oeste do Paraná.
No frigorífico em Cascavel, no oeste do Paraná, o ritmo ainda não voltou ao normal desde a crise de 2009. O volume no primeiro bimestre deste ano continua reduzido em 10% e as exportações caíram na mesma proporção.
A boa notícia é que o preço internacional está subindo. No caso de coxa e sobrecoxa desossadas para o Japão, por exemplo, o preço aumentou 14%. O Oriente Médio também já sinaliza um acréscimo de US$ 100 por tonelada na compra do frango inteiro pequeno.
“No ano passado era o auge da crise financeira. Então, os preços foram depressivos no mundo inteiro. Agora, começou a recuperar esses preços. A expectativa é que continue melhorando para os embarques do mês de abril”, explicou Eduardo Kaeffer, diretor de comércio exterior.
Mas o otimismo da indústria ainda não se reflete no preço pago ao criador. No oeste do Paraná, o valor tem se mantido praticamente o mesmo há pelo menos um ano.
Segundo a associação, os criadores integrados estão recebendo uma média de R$ 0,39 por animal. “Com um custo de produção estabelecido no Paraná a R$ 0,42, o produtor está trabalhando com um déficit de R$ 0,02 no mínimo por frango produzido”, falou Luiz ari bernartt, presidente da Associação dos Avicultores do Paraná.
O criador Roque Garlet tem três aviários em Toledo, num total de 40 mil frangos. Ele não consegue nem se lembrar de quando teve aumento na remuneração. “Hoje, o produto agrícola está abaixo da produção da ração que é o insumo para o frango. Não sei se esse lucro fica com a empresa e acaba não repassando para nós agricultores”, disse.
O mesmo acontece com Mário Owsiany. Mário. Os dois aviários que mantém em sociedade com o irmão construiu há um ano. Foi bem na pior fase da crise para aproveitar as facilidades do financiamento. O número de aves por alojamento e o intervalo entre os lotes não chegou a mudar. Mas o preço esteve sempre baixo. “A expectativa é que comece a melhorar. Estamos na expectativa por enquanto. Mas, mais do que expectativa, a gente tem a necessidade de que melhor mesmo para que o setor de uma folgada”, falou.
Na Coopavel, onde Márcio é integrado, os meses de janeiro e fevereiro não foram dos melhores em relação aos volumes exportados. Os países compradores costumam ter estoques altos nessa época do ano. Em compensação, com o aumento do preço o ânimo é outro. O presidente da cooperativa Dilvo Grolli acredita que logo poderá repassar um aumento aos avicultores.
“O produtor não tem investimento comprovado como tem a agroindústria. Mas o produtor também teve sua parcela de prejuízo em 2009. Agora, nesta melhora, se começa a recompor todos os preços da cadeia”, explicou Grolli.
O estado do Paraná é o principal produtor de frangos do país. Responde por 21% do plantel.