A euforia do mercado com a proximidade do impeachment de Dilma Rousseff e a chance de o Congresso Nacional aprovar o ajuste fiscal podem levar o dólar a ser cotado abaixo dos R$ 3 nos próximos meses. O otimismo que tem levado investidores a aplicar recursos no Brasil e reduzido o preço da divisa norte-americana é turbinado pelo excesso de liquidez mundial. Com juros negativos ou próximos de zero nas principais economias, os empresários têm buscado aplicações rentáveis e o Brasil voltou a fazer parte do grupo de nações atrativas.
Com juros básicos de 14,25% ao ano e a queda do risco país, investidores passaram novamente a comprar ativos brasileiros. O voto de confiança dado ao governo do presidente interino, Michel Temer, favoreceu a redução dos prêmios de risco. Em dezembro passado, os credit default swaps (CDS) superaram os 500 pontos com a saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. Atualmente, estão em 256 pontos, com as perspectivas de melhora da economia brasileira, uma queda de 48,8%.
Os CDS são uma espécie de seguro contra calotes. Quando mais altos, maiores os riscos para os investidores.
A entrada de investimentos no Brasil levou o dólar a desabar 19,33% neste ano. A moeda terminou a semana cotada a R$ 3,185 depois de, na última quarta feira, ter atingido o menor nível desde 13 de julho de 2015, ao bater em R$ 3,132. Diante da forte desvalorização cambial, o Banco Central (BC) reforçou a oferta diária de contratos de swap reverso, operações que equivalem à compra futura da divisa e tendem a dar impulso de alta às cortações. A autoridade monetária aumentou a colocação de papéis de US$ 500 milhões para US$ 750 milhões.