Redação (28/08/2008)- As indústrias que consomem óleos vegetais e animais respiraram mais aliviado no final do primeiro semestre, com a queda nas cotações do óleo de soja, que puxou para baixo também o preço de outros óleos. Mas, na avaliação de analistas, o patamar baixo não deve perdurar por muito tempo.
Segundo Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado, a tendência é que o petróleo, commoditiy que tem forte influência no movimento de grãos e óleos, volte a engatar novas altas.
Em janeiro deste ano, o mercado interno estava pagando R$ 2,650 mil pela tonelada do óleo de soja (com 12% de ICMS) , segundo a consultoria Aboissa. O preço foi recuando até bater agora em agosto, o patamar de R$ 2,070 mil, queda de 21,8%. Com o óleo de palma o movimento também foi parecido. Em janeiro, a tonelada valia R$ 4,0 mil, valor que ontem estava 26% menor, em R$ 2,95 mil (com 12% ICMS, FOB Pará).
Agora, por fundamentos próprios, as cotações do óleo de mamona e do sebo bovino já começaram a subir. Humberto Palma, operador da Aboissa, explica que a redução dos abates de boi no País e o aumento da demanda interna por sebo, principalmente para produção de biodiesel, fez o valor da tonelada dessa matéria-prima sair de R$ 1,7 mil em julho para R$ 1,8 mil ontem (com 12% de ICMS). "O sebo estava acompanhando o óleo de soja, tanto que, de janeiro para cá, recuou 12%, saindo de R$ 2,050 mil a tonelada e já tinha atingido, em maio, o patamar de R$ 2,7 mil", acrescenta Palma.
No caso do óleo de mamona, houve uma leve recuperação em agosto, no entanto, incomum para a época do ano, em que a safra está sendo colhida. Os preços em julho saíram de R$ 4,0 mil para R$ 4,040 mil a tonelada, elevação de 1%. "A safra de mamona foi pequena na comparação com o crescimento da demanda. Por conta dessa oferta insuficiente, a tendência é de os preços desse óleo subirem mais daqui em diante", analisa Glauber Pereira, operador de mercado da Aboissa.
Relatório divulgado pelo UBS Pactual avalia que os preços das commodities, sobretudo os do petróleo, devem engatar uma forte alta até o final do ano. A instituição também aposta na manutenção da forte demanda chinesa para sustentar a percepção favorável em relação às cotações de outras commodities, como o do níquel e do zinco.
Para Biegai, o mercado está, neste momento, testando as cotações baixas do petróleo para iniciarem, nas próximas semanas, um movimento de retorno às compras e, conseqüente elevação das cotações das commodities.
Como a queda nos preços das commodities foi intensa, é possível que esse movimento de alta seja retomado, na avaliação de Fábio Silveira, economista da RC Consultores. "Mas, tratará de uma ação especulativa, sem lastro em funda-mentos e que não se sustenta no médio prazo", diz Silveira.
Para ele, os fundamentos já estão dados. Além de a dos Estados Unidos, as economias da China e da Europa estão desacelerando. "Os fundos estão formando ‘gordura’ para resistir a uma situação mais futura de queda das commodities", avalia Silveira.
O petróleo fechou ontem em alta de 1,6% em US$ 118,15 o barril. Desde o dia 22, a valorização acumulada é de 3,1%. O óleo de soja também apresentou leve alta ontem na Bolsa de Chicago (CBOT) com a libra-peso valendo 54,77 centavos de dólar.