Redação (18/03/2009)- Uma violenta freada travou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio em Minas Gerais. Segundo dados divulgados ontem pelo secretário estadual de Agricultura, Gilman Viana, e pelo presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, o PIB do setor no Estado, que representa 12% do total nacional, fechou 2008 com alta acumulada de 14,8%.
A crise global, ao atingir a demanda externa, derrubou o preço das commodities agrícolas, produzindo a freada. "Não é a hora de se fazer investimentos no setor agropecuário", comentou Viana.
A freada começou em meados do quarto trimestre. Segundo a Faemg, até outubro o crescimento do PIB no setor era de 15,2%. O acumulado até novembro apontava 14,97%. Em dezembro a expansão foi de 0,07% no setor agrícola e 0,12% na pecuária. E mesmo a expansão em 2008 não significou uma elevação de renda para o produtor na mesma proporção, afirmou Viana, já que o segmento com evolução positiva mais vigoroso foi o de insumos.
Ainda que o cenário seja negativo para todos os segmentos da cadeia do agronegócio, Viana prevê que a pecuária bovina consiga resistir melhor à crise. "É um ramo que permite maior elasticidade para o produtor se ajustar ao mercado. Mas a velocidade da queda de renda na pecuária é maior, em razão do fechamento de plantas industriais". Nos últimos anos, o peso da pecuária na composição do PIB do agronegócio tem crescido. Em 2001, a cadeia da carne e do leite representava 60% do PIB primário do agronegócio. Em 2008, passou a representar 69,3%.
O complexo carne teve reação nas exportações, passando de US$ 27,6 milhões em janeiro para US$ 38,4 milhões. A preocupação é conseguir a reativação da planta de Janaúba, do frigorífico Independência, que pediu recuperação judicial. Minas negocia arrendamento ou compra da planta com dois grupos nacionais, mas teme que a legislação breque o negócio.
O café deve seguir em baixa. Em janeiro, foram embarcados US$ 219,7 milhões, 4,1% a menos do que no mesmo mês em 2008.
Viana afirmou que problemas de crédito devem fazer com que o setor sucroalcooleiro continue deprimido, mas que há sinais positivos para o carvão vegetal e o milho. O secretário afirmou que já há notícias de replantio de eucaliptos na região central do Estado, com a retomada da produção de siderúrgicas. No caso do milho, a produção do etanol nos EUA pode fazer com que a demanda se aqueça de novo.