Redação (06/02/2009)- Os governos brasileiro e italiano esperam assinar ainda neste ano um acordo fitossanitário para facilitar a exportação de produtos agrícolas e carnes do Brasil para a Itália. Oficialmente, os governos não consideram ter havido um cancelamento na viagem da vice-ministra italiana de Saúde, Francesca Martini, que era esperada neste fim de semana pelo governo de Santa Catarina e por empresários do setor de carne.
O diretor-executivo do Sindicarnes (SC), Ricardo Gouveia, e a assessoria do vice-governador Leonel Pavan (PSDB) asseguram que a visita estava marcada para tratar da possível exportação brasileira de bezerros em pé e carne suína, e foi cancelada sob alegação de que o ambiente diplomático era desfavorável, com o conflito provocado pelos dois governos devido à decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de dar asilo político ao ex-militante de esquerda radical Cesare Battisti.
Em contatos com o governo brasileiro na quinta-feira, autoridades italianas se apressaram em confirmar o interesse em uma futura visita e na assinatura do acordo fitossanitário, e garantiram que não chegou a haver um cancelamento oficial da visita, que não estaria ainda programada na agenda da vice-ministra.
Os encarregados da negociação, que prossegue em nível técnico, vêm se baseando nas declarações públicas do primeiro-ministro da Itália, Sílvio Berlusconi, que emitiu nota afirmando que o caso Cesare Battisti não deve afetar "as excelentes e amistosas relações entre Itália e Brasil, em todos os setores" e afirmou que o meio natural para a discussão seria o "jurídico", onde o governo italiano pede a extradição de Battisti.
Na avaliação do governo italiano, o ideal será manter os negócios entre os dois países dissociados da discussão política que o caso Battisti vem provocando na Itália e no Brasil. Não foi definida, porém, nenhuma data para uma possível assinatura do acordo fitossanitário, nem para a visita das autoridade que discutirão possíveis vendas de carne do Brasil para o mercado italiano.
O governo e empresários de Santa Catarina negociam há dois anos a venda de novilhos para engorda na Itália, e têm a expectativa de que o status do Estado como livre de febre aftosa sem vacinação facilite a negociação para a venda de carne suína. Já tinham preparado até uma palestra sobre as condições sanitárias do Estado para a vice-ministra que não veio ao país, como esperavam.