O choque entre Brasil e México na disputa para liderar a Organização Mundial do Comércio (OMC) começa a ficar evidente. Na segunda-feira o candidato mexicano ao posto, Hermínio Blanco, atacou a ideia de trazer para a agenda da OMC o debate sobre as flutuações no câmbio, um dos principais pontos defendidos nos últimos meses pelo ministro da Fazenda Guido Mantega. Na avaliação do mexicano, a introdução de qualquer regra daria espaço para o protecionismo, num ataque velado à política brasileira.
A corrida pela direção da OMC acaba de ser lançada e, até maio, um dos nove candidatos no processo, será eleito. O Brasil apresentou a candidatura do embaixador Roberto Azevedo, que é considerada com uma das mais fortes. Mas não tem o apoio de toda a América Latina.
Blanco foi até Pequim pedir voto e deixou claro aos mandarins da política comercial que, se eleito, não aceitará a proposta brasileira na agenda da entidade, numa clara ofensiva de usar o projeto brasileiro para minar a candidatura de Azevedo.
Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira em Genebra, Blanco confirmou que, se eleito, não será favorável a abrir a OMC para a questão do câmbio. Nos últimos meses, o Brasil tentou incluir uma proposta nas negociações da entidade para que um país fosse autorizado a criar barreiras contra a importação todas as vezes que sua moeda fosse afetada por uma forte valorização, como foi o caso do real em 2011.
Para Blanco, a OMC não é o lugar apropriado. “Entendo que existem temas que, nacionalmente, podem ser politicamente relevantes. Mas avaliar a relação entre comércio e câmbio será um tema que vai dividir os membros (da OMC)”, alertou.