Na Copa, a seleção brasileira é uma das favoritas, e a mexicana, apenas um azarão. Já na economia, o México superou o Brasil como “o queridinho dos mercados” nos últimos anos. Os resultados econômicos mais recentes, porém, não vêm corroborando essa aposta.
Apesar da euforia gerada com a promessa de abertura do setor energético feita pelo presidente governo de Enrique Peña Nieto, a economia mexicana teve no primeiro trimestre deste ano resultados tão frustrantes quanto os da brasileira. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,8% entre janeiro e março na comparação com o mesmo período de 2013. Quase a mesma taxa registrada pela economia brasileira nesses meses, de 1,9%.
México e Brasil adotam estilos econômicos bem diferentes. O México é um dos países comercialmente mais abertos da região, e tem acordos de livre comércio com os vizinhos do norte, EUA e Canadá (o Nafta), com a União Europeia, com o Japão e vários outros países. Isso fez com que as exportações mexicanas chegassem a US$ 380 bilhões no ano passado, bem acima dos US$ 242 bilhões do Brasil. Mas os mexicanos importaram um pouco mais, e o saldo comercial foi negativo em US$ 1 bilhão. O Brasil teve superávit de US$ 2,5 bilhões, o pior em 13 anos.
Essa abertura comercial tem ajudado o México a manter a inflação mais baixa que a do Brasil. No ano passado, o IPC mexicano subiu 3,8%. No Brasil, 6,2%. Neste ano, os preços vêm caindo no México e subindo no Brasil.
Isso permite ao México ter também taxas de juro menores. Enquanto a mexicana, na casa de 3%, é negativa, a Selic brasileira está em 11% ao ano.
Outro fator que deixa o Brasil em desvantagem é a maior vulnerabilidade externa. No ano passado, o balanço de pagamentos do Brasil ficou negativo em US$ 81 bilhões, o pior resultado da história, enquanto o México teve déficit de US$ 22 bilhões. Inflação alta e vulnerabilidade externa fizeram o FMI colocar o Brasil entre os países sob risco na semana passada, enquanto a avaliação da economia mexicana foi positiva. O FMI prevê que o México crescerá 3% este ano, e o Brasil, 1,8%.
No quesito bilionários, os mexicanos também estão à frente. Eles têm Carlos Slim, dono de uma fortuna de US$ 73 bilhões, no topo do ranking da Forbes. Nossa maior promessa, Eike Batista, chegou ao top 8 em 2012, mas viu sua riqueza se desintegrar em 2013, passando de US$ 34 bilhões para US$ 70 milhões.
É mais ou menos o inverso do que acontece em campo. Chicharito Hernandez, maior promessa do futebol mexicano e terceiro maior artilheiro da história da seleção, teve um 2013 frustrante no Manchester United e começou a Copa na reserva. Já o nosso Neymar, titular absoluto do Barcelona, estreou na competição fazendo dois gols e, espera-se, ruma ao topo do ranking da Fifa.