Uma possível escassez de milho preocupa os produtores de frangos, suínos e ovos do Estado. Empresas avícolas tentam garantir a compra do grão direto do produtor. Uma granja do município de Tatuí se dispôs a pagar a semente para o agricultor Acácio Stella, de Capela do Alto. “Eles garantem a compra de tudo o que eu plantar, pela melhor cotação.” Como o milho está na base da alimentação de suínos e aves, a alta no grão pode ser repassada para os preços das carnes e do ovo, com reflexos na inflação.
Os custos de produção da pecuária de corte também subiram 4% em setembro, comparados com agosto, sob influência da alta no preço do milho.
Para a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), os produtores de carne e ovos têm razão de se preocupar com a diminuição da área dedicada ao milho na safra brasileira 2010/2011. Serão cultivados 7,3 milhões de hectares, com redução de 5,2% em relação a 2009/2010.
Segundo a entidade, somente o Rio Grande do Sul deve reduzir em 20% a produção do grão. São Paulo e Minas Gerais devem manter a área, mas os dois Estados juntos são responsáveis por apenas 19% da safra.
A menor previsão. Esta é a menor previsão de área da história do milho, com possibilidade de apresentar a mais baixa produtividade desde 2004/2005. “O produtor está temeroso em relação aos preços e a fenômenos climáticos, como o La Niña”, diz o presidente da Abramilho, João Carlos Werlang. O declínio preocupa pelo fato de o milho ser também a cultura mais adequada para a rotação com a soja. Ele aponta que no caso da soja, por exemplo, quando o milho deixa de ser plantado, os custos de produção aumentam, já que equipamentos, máquinas e mão de obra que seriam utilizados são os mesmos para as duas culturas. “A recomendação é que seja aproveitado um terço da área total para rotação. No caso da soja, o milho é o mais adequado e mais usado”, considera.
Para o presidente da Abramilho, com as estimativas de redução e baixos resultados, os produtores que decidirem plantar o milho devem estar ainda mais atentos às tecnologias para elevar a produtividade. “É importante que não haja uma grande diminuição da produção, pois isso também pode resultar em desabastecimento. Cada safra influencia diretamente a outra”, explica. Werlang diz que o mais importante são incentivos para as exportações e não apenas para movimentação interna. “É preciso facilitar as vendas para outros países, mesmo que isso exija mudanças no modelo de exportação brasileiro”, defende.