Redação (31/07/06)- Vinte e sete dias depois de tomar posse, o ministro brasileiro da agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, disse que os pacotes oficiais são insuficientes para resolver as perdas do setor agropecuário. O ministro acha que a única saída é o governo aumentar os subsídios ao seguro rural dado aos produtores, além de ampliar a rede de atendidos pelo benefício.
No pacote de medidas lançado este ano, o governo prorrogou R$ 20 bilhões de dívidas do setor e desembolsou dois bilhões de reais para apoiar a comercialização dos produtos agropecuários. “Este tipo de pacote é um esforço para os cofres públicos e não resolve a crise vivida pela agropecuária brasileira”, disse. “E essa prática que temos de socorrer na crise é negativa para todos. Não resolve o problema”.
Alto custo:
O ministro falou à BBC Brasil durante sua visita a Buenos Aires, onde participou, no fim de semana, da abertura da tradicional exposição rural na Sociedade Rural Argentina. Na sua opinião, a produção nacional perde competitividade devido a altas taxas de juros, valorização do real frente ao dólar, queda nos preços internacionais, seca em algumas regiões e falta de infra-estrutura.
“Nossa produção de soja, por exemplo, tem custo menor do que a da Argentina, mas as condições das nossas estradas tornam o produto mais caro do que o do vizinho, que tem estradas e infra-estrutura melhores que o Brasil”, disse.
Segundo ele, a lei aprovada no ano passado, criando o subsídio ao seguro rural, possibilitou gastos de R$ 42 milhões para este fim, mas esse valor está “longe” da necessidade real. “Se ampliarmos esse valor para R$ 500 milhões, uma cifra hipotética, ainda assim sairá mais barato para o Tesouro Federal e será possível evitar prejuízos dos produtores”, sugeriu.
Ele entende que o governo deve continuar pagando os atuais 50% do seguro rural, de acordo com a lei em vigor e a exemplo do que fazem outros países, como a Espanha.
Greve na Argentina:
O ministro preferiu não comentar a greve do setor agropecuário argentino, que durou quatro dias até a última terça-feira. Durante aqueles dias de paralisação, os produtores reunidos nas Confederações Rurais Argentinas (CRA) não venderam, principalmente, carne aos mercados.
A greve mostrou uma queda de braço entre os ruralistas argentinos e o governo do presidente Nestor Kirchner. Mas na Argentina a discussão não é sobre as perdas do setor com a situação econômica estrutural, como ocorre no Brasil. Com a economia batendo recordes históricos de crescimento, os argentinos reclamam contra decisões adotadas este ano pelo governo, como novos impostos para exportação de leite.
Ministro da Agricultura considera pacotes insuficientes para setor
<p>O ministro acha que a única saída é o governo aumentar os subsídios ao seguro rural dado aos produtores.</p>