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Economia

Moodys eleva nota do BR

<p>País é o primeiro a obter grau de investimento durante a crise global. Moody's vê Brasil como "vencedor" da crise econômica internacional.</p>

Um ano e meio depois de suas principais concorrentes, a agência de classificação de risco de crédito Moody”s concedeu ontem (22/09) ao Brasil o grau de investimento. Trata-se de um selo de qualidade que indica que a probabilidade de um emissor de dívida dar calote é baixa.

Profissionais do mercado financeiro avaliam que, por vir tarde, o rating (nota) não terá implicações práticas relevantes para o País. Mas destacaram o efeito simbólico da medida, uma vez que o Brasil foi a primeira nação a ganhar esse status no meio da crise global.

“A nota da Moody”s é a cereja de um bolo que já estava pronto”, afirmou o vice-presidente do Bradesco, Norberto Barbedo. “A importância desse grau de investimento é o momento em que ocorre: todos perceberam que o Brasil teve desempenho diferenciado durante a crise”, disse o estrategista do Banco WestLB, Roberto Padovani.

A reação dos investidores ontem mesmo confirma essa expectativa. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) diminuiu o ritmo de alta que registrava até o momento em que a informação foi divulgada. No fim dos negócios, subiu 0,93%, para 61.494 pontos. No mercado de câmbio, que já estava fechado quando houve o anúncio, o dólar caiu 1% e fechou cotado a R$ 1,798, menor valor em exatamente um ano.

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, destacou que a Moody”s classificou o Brasil como vencedor. “Se uma agência como essa, conservadora, considera o País vencedor, é o selo que confirma o que temos dito, que o País entrou forte na crise, tomou medidas e está saindo mais forte e mais rápido da crise.”

A Moody”s vinha sendo cobrada pelo governo e por integrantes do próprio mercado financeiro pelo atraso em relação ao Brasil. A primeira elevação do rating brasileiro para grau de investimento foi anunciada pela Standard & Poor”s, em abril do ano passado. Exatamente um mês mais tarde, no fim de maio, foi a vez da Fitch.

O analista da Moody”s responsável pela nota brasileira, Mauro Leos, negou que tenha havido “atraso”. Segundo ele, a agência queria avaliar como o Brasil se sairia diante da crise global. Sobre isso, disse não ter mais dúvidas. “O que vimos é que, com o choque global, o Brasil não só teve desempenho melhor do que as pessoas pensavam, como parece estar mais forte ou equivalente a países que já são grau de investimento.”

Além de promover a nota brasileira (para Baa3), a Moody”s deixou o caminho aberto para mais uma elevação, ao definir a perspectiva para o País como “positiva”. “Muitos indicadores econômicos apontam para uma forte recuperação (do Brasil), uma retomada em (formato de) “V”. Se você olhar para diferentes países, em desenvolvimento e desenvolvidos, há poucos que não foram tão afetados pela crise e possuem fortes sinais de recuperação”, observou Leos.

Para Leos, “o maior risco para o Brasil, e isso pode parecer estranho, é que haja otimismo exagerado”. “Se o governo não continuar agindo ou se houver muita entrada de capital, isso pode trazer problemas.” Segundo o analista a preocupação da agência com a situação fiscal brasileira diminuiu. “O desafio fiscal do Brasil é menor que o de países com a mesma nota.”

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, viu uma “ironia” nessa posição da Moody”s. “Eles promovem o Brasil justamente quando o governo anuncia que o superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) deste ano será inferior à meta.” Como avaliam a capacidade de solvência de um emissor de dívida, as agências de risco costumam ser bastante rígidas na análise das contas públicas.