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Economia

Moody's vê melhora no setor de carne

<p>As condições continuam difíceis para as empresas de carne bovina do Brasil, mas relatório diz que o pior já passou.</p>

As condições no setor de carne bovina do Brasil estão melhorando gradualmente, e a avaliação é que o pior já passou, mas os desafios permanecem, diz relatório da Moody’s Global Corporate Finance, que será divulgado hoje. “O setor de carne no Brasil experimentou seus piores 12 meses em uma década”, informa o relatório, acrescentando que sete frigoríficos pediram recuperação judicial, entre eles Independência e Arantes.

A razão para esse cenário foi a deterioração das condições gerais de crédito – que se acelerou em 2008 com a crise global – ao mesmo tempo em que a escassez de oferta de gado e o excesso de capacidade de abate no país fizeram os preços subir e pressionaram as margens das indústrias. Além disso, a crise global enfraqueceu as exportações de carne e companhias com significativa exposição ao câmbio sofreram com a depreciação do real ante o dólar entre setembro de 2008 e março deste ano. O setor também estava alavancado em função dos investimentos para crescer nos anos recentes.

“As condições continuam difíceis para as empresas de carne bovina do Brasil, mas acreditamos que o pior já passou e o setor se encaminha para uma recuperação lenta e gradual. Isso não significa, contudo, que não esperamos mais estresse para essas companhias. Na verdade, vemos algum potencial de oportunidades de consolidação no setor diante do fato de que muitas companhias estão financeiramente frágeis”.

Soummo Mukherjee, analista da Moody’s e autor do estudo, afirma que após a quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, as empresas do segmento passaram a ter dificuldades de rolar suas dívidas de curto prazo. Agora, porém, a oferta de crédito já está quase nos níveis pré-Lehman Brothers, afirma, embora o custo dos empréstimos ainda esteja mais caro.

Outro indicador que mostra uma melhora nas condições do setor é a capacidade ociosa das indústrias. De acordo com Mukherjee, no ano passado, a ociosidade no setor ficou entre 45% e 50%. Atualmente, já está bem menor, em 26%. A ociosidade diminuiu, porém, porque a crise levou empresas a fecharem suas portas e deixarem de abater. Ainda haverá ociosidade no próximo ano, mas a expectativa da Moody’s é que a oferta de gado começará a se recuperar em 2010. Mas para os próximos seis a12 meses a avaliação ainda é de que a escassez continuará a pressionar preços e margens.

Apesar de as exportações de carne bovina ainda registrarem queda em relação ao mesmo período de 2008, a expectativa da Moody’s é de que os volumes comecem a se recuperar a partir deste mês. Mas será um processo lento e gradual, no qual a União Europeia terá grande importância. “A velocidade com que novas fazendas forem certificadas [para fornecer animais para abate para a UE] será determinante”, afirma o analista. Desde janeiro de 2008, apenas fazendas rastreadas e certificadas podem fornecer bois para abate para exportação ao mercado europeu. A Moody’s também espera que o crescimento das compras por parte do Chile ajude o Brasil a exportar mais carne bovina.

Apesar de considerar que riscos associados à liquidez e ao ambiente econômico atual ainda persistem para o setor de carne bovina, a Moody’s destaca que no médio a longo prazo o Brasil tem vantagens competitivas que permitem que se mantenha como o maior exportador mundial de carne bovina e que as empresas tenham margens superiores às de outros países. A disponibilidade de terra, o espaço para melhorar a produtividade, os baixos custos e o crescente mercado doméstico são algumas das vantagens.