Mais do que uma preocupação com a redução da produção de milho na safrinha que começa a ser colhida em meados de junho, o governo de Mato Grosso do Sul vislumbra a importância de o produtor sul-mato-grossense conseguir vender bem o que colher e, dessa forma, estar capitalizado para o plantio da próxima safra, de soja.
Ocorre que as autoridades governamentais de Mato Grosso do Sul já vislumbram para os próximos meses uma dificuldade maior de acesso ao crédito, inclusive para o agronegócio, pela crise financeira e pelas medidas que começam a ser adotadas pelo governo do presidente em exercício Michel Temer.
“Em função das dificuldades de crédito que se avizinham, se o produtor rural não estiver capitalizado a partir da colheita da safra atual de milho, as coisas podem se complicar para que os agricultores possam continuar plantando”, avaliou uma fonte do governo de Mato Grosso do Sul.
Safrinha menor
Na Secretaria da Produção e da Agricultura Familiar – Sepaf não se cogita em dar números a uma provável quebra da safrinha de milho de 2016. Certamente haverá uma quebra, admitiu na semana passada o secretário-adjunto da Sepaf, Jerônimo Alves Chaves. No entanto, ele considera difícil, e até pouco producente atualmente, se precisar de quanto poderia ser essa quebra.
Uma coisa é certa e isso já se admite. O rendimento do milho safrinha por hectare na atual safra deverá ficar abaixo dos 5.000 quilos.
Na safrinha do ano passado, quando foram plantados 1,6 milhão de hectares de milho e produzidos 9,5 milhões de toneladas, o que representa um rendimento de 5.764 quilos de milho por hectare.
No ano anterior, 2014, a área foi um pouco menor, de 1,57 mil hectares plantados e o rendimento por hectare também foi menor, embora ainda muito bom, de 5.126 quilos por hectare.
Em 2013 a área foi de 1,5 milhão de hectares e o rendimento por hectare mais baixo, de 4.828 quilos por hectare e em 2011 a produtividade por hectare bem aquém dos anos seguintes, ficando em 3.600 quilos por hectare, quando a área plantada foi de 953 mil hectares.
Embora admita uma quebra da safrinha neste outono-inverno em Mato Grosso do Sul, Jerônimo Alves Chaves não acredita em um volume de perdas mais significativa.
Segundo ele, o milho plantado primeiro – e houve atraso na colheita da soja por conta das chuvas – foi o mais prejudicado por um período de forte calor e estiagem em abril e por baixas temperaturas em períodos do mês de abril e de maio.
De forma bem racional, ele acredita que a safrinha deste ano seja menor do que a do ano passado por esses motivos citados. E acha que a produtividade deverá ficar abaixo das 5 mil toneladas por hectare, mas não muito menos que isso.
O produtor deve estar atento, no entanto, lembra o secretário-adjunto, com a comercialização de sua safra. O preço do milho atualmente está bom, mas tão logo a colheita comece é natural que haja queda nas cotações do produto. Por isso, aqueles produtores que não venderam antecipadamente devem agir para comercializar o mais rapidamente possível. Conforme citou Jerônimo Alves, já tem produtor que plantou mais cedo colhendo a produção com o milho ainda verde, secando no armazém para poder comercializar antes que as cotações tenham baixas mais significativas.
O governo do Estado avalia também a questão do abastecimento interno, especialmente da avicultura e suinocultura, e há o pensamento conjunto de que não haverá problemas de abastecimento interno, mesmo com a grande demanda por exportações verificada nos últimos anos.