A recente decisão da presidente Dilma Rousseff de retomar o caminho inteligente da privatização, determinando-se a facilitar o crescimento da economia e o desenvolvimento do país, deverá fazer com que recursos de investidores nacionais e estrangeiros sejam aplicados na infraestrutura e na logística. Já é de conhecimento que o governo não tem a menor condição de atender aos reclamos de todos os setores que trabalham e produzem no Brasil, e que encontram inúmeras dificuldades para escoar a produção e receber os resultados de seu trabalho.
Não é de hoje que as entidades representativas dos setores produtivos protestam contra o descaso e a falta de comprometimento dos governantes na solução de problemas básicos e fundamentais para que o crescimento da economia se processe sem os embaraços causados por antigas questões. São rodovias esburacadas sem conservação, com portos assoreados e mal estruturados; aeroportos envelhecidos e desprovidos dos modernos recursos assegurados pelas novas tecnologias, e a falta de investimento pesado em ferrovias, tanto na conservação daquelas que já existem quanto na construção de novos trechos que permitam o escoamento das grandes safras de grãos. Atualmente, a produção agrícola, para que alcance os pontos de embarque, é severamente prejudicada pelo uso do transporte rodoviário, diga-se de passagem, muito mais caro.
As análises e estatísticas demonstram, e mais do que isso, comprovam, que a produtividade dos agricultores brasileiros e os ganhos de sua atividade, são eliminados pela absurda desestruturação do setor modal brasileiro. Como se sabe, os Estados Unidos são os maiores produtores de grãos do mundo, mas suas safras têm a garantia de utilização de sistemas altamente competitivos, por serem baratos, tais como ferrovias modernas e bem conservadas, além do transporte fluvial, com o uso inteligente de seus rios navegáveis.
A decisão da presidente, após se reunir e ouvir empresários e profissionais competentes, vem ao encontro das demandas e ponderações de todos os envolvidos nos aspectos mais sensíveis dos problemas acima abordados.
A expectativa é saber como lidar com a estrutura burocrática governamental, com órgãos superpostos (só na área de logística temos 11 repartições), e com a lentidão e a preguiça tão conhecidas de quem necessita de alguma informação ou decisão por parte do governo.
De qualquer forma, a resolução da presidente vem num momento certo, talvez premida pela violenta seca que derrubou as previsões da safra americana, ao mesmo tempo em que a safra brasileira bate novos recordes.
Joel Naegele é vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)