Redação SI 04/06/2004 – 06h55 – A visita à China superou as expectativas do presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Raulino Teixeira Machado. A venda de 50 toneladas de miúdos de suínos foram negociadas com um empresário chinês, a US$ 1,6 mil a tonelada. Segundo Machado, o volume equivalente a dois containers representa um valor simbólico para as exportações do segmento, mas significa a abertura de um novo mercado. “Em 60 dias o produto estará sendo entregue e utilizado na culinária local, mas o principal, é que lançamos uma semente naquele mercado tão promissor”, analisa.
O presidente da Acrismat, integrou a comitiva que acompanhou o governador Blairo Maggi e vários representantes do segmento produtivo estadual, à China e ao Japão, entre 20 de maio a 2 de junho.
Um dos aspectos que mais chamaram a atenção do presidente, durante os encontros empresariais, foi o conhecimento que os chineses têm da sanidade animal dos suínos e dos frigoríficos de Mato Grosso. “A venda realizada por meio do frigorífico Intercoop/Excelência de Nova Mutum (269 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá) revelou que os empresários daquele país conhecem e confiam no nosso produto”, aponta Machado.
Ele acrescenta, que mesmo este país asiático possuindo o título de maior produtor, “ainda é um mercado atrativo, pois eles também são os maiores consumidores de carne suína, com uma média de consumo anual por habitante de 30,5 quilos, enquanto que em Mato Grosso a média não passa de 7 quilos”, explica. Machado completa que a produção suína, assim como todas as culturas da China são classificadas como de pequeno porte, “e não sustentam o consumo”.
Após esta visita, a expectativa do setor se volta para a abertura dos portos Chineses às exportações diretas. A previsão, de acordo com os empresários que recepcionaram a comitiva estadual, é de que isso ocorra em 2005. “Isso permitirá um incremento das nossas vendas e a redução de custos para os importadores, pois as importações ainda entram por Hong Kong e só então repassadas à China”, explica.
Machado observa ainda que ninguém tinha a pretensão de fechar volumes expressivos de negócios, pois, a visita tinha o objetivo de apresentar produtos e o potencial de Mato Grosso. “Antes da viagem prevíamos 80% de chances de fechar negócios e as 50 toneladas tornaram a visita valiosa. Conhecemos este mercado consumidor e apresentamos nosso produto, só esta oportunidade torna a missão um sucesso”, avalia.
CHINA – Mesmo com números que revelam a China como um “paraíso” para as matérias-primas estaduais, a cautela deverá ser peça-chave para as negociações daqui para frente. “Na China, os últimos acontecimentos não refletiram nas relações com o Brasil, apesar de sentirmos que eles estavam com ares de constrangimento. Vamos ter uma preocupação de sedimentar ainda mais nossos contratos. O segmento da bovinocultura estadual exporta e nunca teve problemas”, lembra Machado.
Com os últimos episódios envolvendo a soja brasileira, o mercado passa a ver a China com desconfiança. Os chineses, como estratégia para derrubar as cotações do grãos e forçar as renegociações de contratos (com valores abaixo do firmado) já recusaram três navios de soja brasileira.