Hoje vou voltar a falar sobre a questão energética brasileira. De acordo com um especialista do INPE, o nível dos reservatórios de energia elétrica no Brasil já estão nos mesmos níveis de 2001, quando houve o racionamento feito por FHC. Como o PT não dá a mínima para o país, e sim para as eleições, não haverá racionamento neste ano, mesmo que isso signifique literalmente um apagão em 2015.
A verdade é que a discussão sobre a matriz energética no Brasil é muito ideologizada e pouco prática, onde não se leva em consideração a praticidade e a eficiência da base energética, mas sim seu componente ambiental, e ainda assim de maneira imatura e mal informada, pois não leva em consideração que a preocupação com o meio ambiente tem como finalidade a melhoria do bem-estar da população, e não a precarização da vida humana.
Vejamos a matriz energética brasileira de acordo com a ANEEL. 66% da energia gerada no Brasil é hidrelétrica. A energia hidrelétrica é limpa, mas tem um grande inconveniente: o seu potencial gerador fica em áreas de pouca densidade urbana (notadamente na Região Norte do Brasil). Portanto, uma energia extremamente barata pode vir a se tornar cara devido à perda de energia durante a transmissão da mesma das usinas para os centros urbanos. A energia hidrelétrica também é muito dependente de chuvas, e acaba por ser pouco confiável. Recentemente, houve ainda um ataque às hidrelétricas pelo fato das mesmas destruírem parte de reservas naturais na sua implantação. A questão hidrelétrica, portanto, retrata bem o nível de discussão do país: é mais importante debater a viabilidade da rede hidrelétrica com base em termos ambientais do que em termos de custo de transmissão e produção da energia.
Logo em seguida temos a energia fóssil (carvão, petróleo e gás natural), com 18%. É uma energia cara, pois o país ainda não é abundante na produção de combustíveis fósseis, mas é vista como a solução quando falta energia hidrelétrica. Aqui, temos uma junção de fatores negativos: é cara e poluente. No entanto, é preferencial frente a outras bases.
Com 7%, vem a biomassa, que é pouco poluente mas também é cara. Essa alternativa tende a ser mais interessante no futuro devido ao aumento da tecnologia no setor e abundância de matéria-prima, mas hoje ainda não é uma realidade para o presente.
Com 2% vem a nuclear. Como eu argumentei em outro texto, o Brasil é o sexto país com maior reservas de urânio no mundo (a Agência Internacional de Energia fala que é o sétimo, mas é uma diferença desprezível na prática), é um dos três únicos países que dominam todas as etapas da técnica de enriquecimento de urânio (junto com EUA e Rússia), e que além de ser barata e pouco poluente (sim, ela é pouco poluente!), pode ser implantada mais próxima a centros urbanos, o que diminui ainda mais os custos de transmissão. A energia nuclear hoje seria o complemento natural à energia hidrelétrica, mas por conta de um preconceito esquerdista bobo não tem seu papel redefinido na matriz energética brasileira.
Com 1% vem a eólica. Aqui se destaca que uma matriz muito mais cara e até mais anti-ambiental que a nuclear (todo parque eólico é um cemitério de aves, que são destruídas em larga escala pelas pás dos moinhos) consegue ocupar quase metade do tamanho que a energia nuclear ocupa na nossa matriz, apenas por ser querida pela esquerda brasileira, às custas do bolso de toda a nossa população.
Sobre os combustíveis importados, a se lamentar esse necessidade, fruto da burrice e da intervenção estatal no setor. Temos hoje uma fonte energética barata que dispensaria ou pelo menos reduziria a necessidade de tal importação.
Precisamos urgentemente mudar o discurso sobre fontes de energia no Brasil, de forma a nos adaptarmos ao que for mais eficiente e barato. Com a abertura do mercado, simplificação da burocracia, descarte de visões demagógicas e racionalização da produção e distribuição de energia, poderemos aumentar a produtividade da nossa economia e garantir bem-estar para nossa população.
Bernardo Santoro é advogado e diretor-administrativo do Instituto Liberal; mestrando em Direito (UERJ); pós-graduado em Economia (UERJ) e professor de Economia Política da Faculdade de Direito da UERJ