Da iguaria típica popular até a gastronomia mais elaborada, o ovo de codorna é aquele tipo de alimento que é quase uma unanimidade. Uma fonte proteica que possui sua representatividade no agronegócio paranaense, mas que tem passado por dificuldades do ano passado para cá. O motivo é bem similar aos dos produtores de aves e suínos: os preços elevados da ração, que influenciam significativamente nos custos de produção. Com os valores da saca de milho quase atingindo a marca de R$ 60 neste primeiro semestre, os produtores não têm outra opção a não ser equilibrar a produção, o que significa eliminar parte do plantel de codornas.
Nos últimos anos, a produção de ovos de codorna tem crescido substancialmente no Paraná. Em 2014, no último dado levantado pela Pesquisa Pecuária Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram produzidas 15 milhões de dúzias de ovos para um plantel 752,3 mil aves. A alta é 33,9% frente ao ano anterior, quando a produção foi de 11,2 milhões de dúzias para um montante de 699,6 mil aves (veja o gráfico).
Quando se pensa em todo o território nacional, os números são ainda mais expressivos. A pesquisa mais recente do IBGE sobre a atividade aponta que a produção nacional foi de 392,73 milhões de dúzias, elevação de 14,7% no comparativo com 2013. O valor da produção atingiu R$ 312,22 milhões, alta de 11% frente a período anterior. O maior estado produtor é São Paulo, com mais de 50% de todo o volume produtivo.
Estratégia
O Norte do Paraná já é conhecido pelos bons números da avicultura de postura por meio da produção de ovos de galinha, mas o que pouca gente sabe é que existem alguns poucos produtores de codorna na região com planteis que representam mais de 65% da produção oficial do Estado. São esses avicultores das cidades de Arapongas e Apucarana que conversaram com a reportagem da Folha e garantiram que na atual situação – de preços do milho elevados – a melhor opção é descartar os animais mais velhos e retrair a produção, equilibrando o mercado.
O produtor Edson Shigueaki Miyoshi, da Granja Miyoshi, em Arapongas, está há 18 anos na atividade. Ele comenta que em agosto do ano passado estava com um plantel de 280 mil codornas da espécie Coturnix japonica e agora, menos de um ano depois, o número caiu para 180 mil aves, uma retração de 35%. “Hoje, minha produção está em torno de 114 mil ovos por dia. Este balanço aconteceu em todo o Brasil, com uma redução da oferta em torno de 30%”, salienta.
Ele relata que na última semana de dezembro do ano passado estava pagando R$ 26 pela saca de milho. Hoje, para atender a alimentação das suas aves, paga mais que o dobro: em torno de R$ 58. “Antes eu consumia em torno de 500 sacas por semana. Hoje, são 250 sacas, mas o custo é o mesmo, já que o valor do milho dobrou. Geralmente compro milho em Cambé, Maringá ou Ibiporã, mas nesta nova situação já fui buscar até em Umuarama.”
Ele acredita que se o governo tivesse uma política pública mais consistente de estoques de milho e outros cereais, a situação não estaria como a atual. “Não acredito que seja algo tão difícil de se fazer. Assim, todos ganham, tanto quem vende como quem compra o milho”, complementa.