As notícias de chuvas no Meio-Oeste americano e possíveis mudanças no setor de combustíveis nos Estados Unidos exerceram forte pressão sobre as cotações dos grãos negociados na bolsa de Chicago nesta segunda-feira.
Milho
O milho que vence em dezembro, no momento o contrato de maior liquidez, recuou 4,67% (28,5 centavos de dólar), a US$ 5,8125 o bushel. No vencimento de segunda posição, para setembro, a baixa foi de 4,96% (31,25 centavos de dólar), a US$ 5,985 o bushel.
“O National Weather Service mostra chuvas normais e temperaturas médias em todo o Meio-Oeste na faixa de oito a 14 dias”, disse Terry Reilly, da Futures International, à Dow Jones Newswires. A região vinha sofrendo com o tempo seco e temperaturas muito elevadas, que dificultavam o desenvolvimento principalmente das lavouras de milho.
A nova estimativa de colheita na Argentina, de 48 milhões de toneladas, 2 milhões maior que a previsão anterior, também pressionou as cotações. Se confirmado, o aumento aliviaria o aperto no quadro de oferta e demanda.
“Os participantes do mercado orientados para o curto prazo ainda estão bastante otimistas quanto ao desempenho dos preços [do milho]. No entanto, a incerteza fica evidente no fato de que, nas últimas semanas, eles têm se alternado entre expandir um pouco suas posições compradas e reduzi-las um pouco novamente”, disse o Commerzbank, em relatório.
Soja
Nas negociações da soja, o contrato para novembro, atualmente o mais negociado, recuou 3,02% (43,5 centavos de dólar), a US$ 13,9525 por bushel. Na segunda posição, agosto, a queda foi de 2,78% (41,25 centavos de dólar), a US$ 14,4125 por bushel, seu menor valor desde 19 de abril, segundo cálculos do Valor Data.
Além do fator meteorológico, rumores de mudança na política de biocombustíveis dos EUA pesaram sobre as cotações do óleo de soja, que chegaram a registrar o maior valor de sua história na primeira semana de junho. Nesta sessão, os contratos do óleo caíram mais de 1%.
A agência Reuters informou na sexta-feira que o governo Biden estaria estudando um alívio para as petroleiras do país. Hoje, a lei americana exige que as refinarias misturem biocombustíveis em seus combustíveis fósseis a cada ano ou que comprem créditos daqueles que o fazem, o chamado Renewable Identification Numbers (RIN).
No entanto, o valor desses créditos está em seu maior patamar em 13 anos, o que vem pressionando a margem das indústrias. Caso o governo americano decida mudar os níveis de mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis, a demanda pelo etanol (que nos EUA é feito principalmente de milho) e pelo biodiesel (feito majoritariamente de óleo de soja) poderia diminuir.
No “mercado climático”, os investidores aguardam agora o boletim de acompanhamento da safra de soja e milho do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado ainda nesta segunda-feira. Nele, os operadores vão avaliar se o clima seco prejudicou a qualidade das lavouras do país.
Trigo
Por fim, os futuros do trigo para setembro, contrato de maior negociação no momento, caíram 0,98% (6,75 centavos de dólar), a US$ 6,790 o bushel. O cereal acompanhou as quedas de soja e milho na sessão.