O diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Castanho, atenta para a necessidade de investir em portos na região Norte e Nordeste para desafogar os destinos tradicionais dos grãos, notadamente Paranaguá (PR), Santos (SP) e Rio Grande (RS), de onde a carga é exportada. “Temos de desenvolver Itacoatiara (AM), que recebe mercadoria via Rio Madeira, e Santarém (PA). E deslanchar a Teles Pires-Tapajós, a Tocantins-Araguaia, que, através da ferrovia, vai até o porto de Itaqui, no Maranhão.”
A Anec encabeça a necessidade de racionalizar a matriz de transporte entre a fazenda e os portos, transferindo a soja do caminhão para a ferrovia e hidrovia, de forma a diminuir o frete. Só as exportações de soja da última safra somaram 30 milhões de toneladas, superando em 7% a anterior.
Pelos números da associação, a tonelada da commodity brasileira transportada da origem até o porto sai, na média ponderada dos modais, entre US$ 60 e US$ 70 mais cara do que a da Argentina e Estados Unidos.
“Quase todo o nosso transporte está baseado em caminhão. Felizmente com a nossa insistência no transporte pelo Rio Madeira e hidrovia Paraná-Tietê, conseguimos diminuir a representatividade rodoviário de 60% para 53%”, diz Castanho. Segundo ele, são necessários 2 mil caminhões para carregar um navio com capacidade para 70 mil toneladas. Volume que, pela hidrovia, pode ser feito com 10 comboios.
Outro entrave que Castanho enxerga é de ordem burocrática. “Os maiores problemas que temos são na emissão e certificação. O corpo de fiscais é pequeno, é o mesmo de 10 anos atrás”. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o número de fiscais da Vigilância Agropecuária nos portos do país aumentou 30% desde 2000. E, de acordo com a assessoria de imprensa do Mapa, sempre que há necessidade, há deslocamento de pessoal.