O plantio da soja 2016/17 se aproxima de 70% em Mato Grosso e no Paraná, estados líderes em produção no Brasil. A expectativa é de crescimento de 7,5% na colheita mato-grossense e de 11% na paranaense na comparação com a safra passada. O incremento promete forte impulso a setores como o de transporte ferroviário, que dará apoio ao escoamento da maior safra de soja do País, principalmente no Centro-Oeste, onde a soja é cultivada para exportação e o clima mostra-se mais favorável.
O Brasil tentou ultrapassar a marca de 100 milhões de toneladas de soja um ano atrás mas não conseguiu por problemas climáticos como falta de chuvas. A produção limitou-se a 95,4 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A colheita menor gerou reação em cadeia, que ainda é sentida pelo mercado.
As previsões sobre a safra atual mostram uma nova chance de essa meta ser alcançada. A Conab estima colheita entre 101,9 milhões a 104 milhões de toneladas, com acréscimo entre 6,7% e 9,0% ante 2015/16.
O crescimento na produção deve ampliar também a exportação brasileira, de 54,4 milhões para 58,4 milhões de toneladas, aponta estimativa do mercado externo medida pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Esse aumento de 4 milhões de toneladas tende a ser o principal incremento no mercado global, que deve avançar 6 milhões de toneladas (de 133 para 139).
O impulso da safra no setor de transporte deve-se justamente ao aumento nas exportações – que exigem o escoamento de um volume de grãos sem precedentes para os portos marítimos. Outro fator é o aumento da produção em Mato Grosso, líder brasileiro no cultivo da soja. O estado do Centro-Oeste espera aumento de 27,8 milhões para 29,9 milhões de toneladas (7,5%), conforme o Instituto Mato-Grossense e Economia Agropecuária (Imea).
De cada dez toneladas de produtos transportados pela ferrovia no corredor Rondonópolis-Santos, nove são de produtos agrícolas e quatro são de soja, mostram dados de 2015.
A soja mato-grossense é exportada principalmente pelo Porto de Santos (SP). O aumento de 2 milhões de toneladas na colheita deve-se a uma recuperação na produtividade média. O escoamento de mais da metade desse volume extra deve ser feito com utilização do transporte ferroviário.
“A Rumo está preparada para atender os volumes incrementais”, afirma o vice-presidente de Operações da Malha Norte e da Malha Paulista, Daniel Rockenbach. Os investimentos que a Companhia realizou nesse corredor durante 2015 – em locomotivas, vagões e ferrovia – passam de R$ 600 milhões.
O Paraná, segundo maior produtor brasileiro de soja, também lançou estimativa indicando aumento na colheita de soja, de 16,5 milhões para 18,3 milhões de toneladas. Os números são do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria da Agricultura, e se embasam em recuperação no volume por hectare, reduzido pelo clima na safra passada.
Na comparação com seus dois principais concorrentes em exportações de soja, o Brasil deve apresentar o maior crescimento (4 milhões de t), sustentando-se como maior exportador. Os Estados Unidos devem ampliar as exportações desse grão em 2,4 milhões de t (para 55,1) e Argentina tende a recuar em 0,65 milhão de t (para 9,65), conforme o USDA. O principal motor do mercado segue sendo a China, que promete elevar suas importações de 82,5 milhões para 86 milhões de t.