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Milho & soja

Nova trading

<p>LD e Amaggi formam joint venture para explorar o mercado de grãos. Nova companhia não produzirá. Foco estará na originação dos produtos e logística.</p>

A multinacional francesa Louis Dreyfus Commodities e a Amaggi, empresa do grupo brasileiro André Maggi, anunciaram ontem (11/11) a criação de uma joint venture – a Amaggi & LDCommodities – para explorar o mercado de grãos da região de cerrado dos Estados da Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, a já conhecida “nova fronteira” agrícola que mais vem crescendo no País nos últimos anos.

Em teleconferência com jornalistas, as parceiras afirmaram que a joint venture deverá faturar R$ 700 milhões e movimentar 1 milhão de toneladas de soja e milho em cinco anos. Ao Valor, Pedro Jacyr Bongiolo, presidente do André Maggi, explicou que a nova companhia não produzirá os grãos. O foco é a originação dos produtos, ponto forte do grupo com sede em Rondonópolis (MT), e a logística. Pelo menos inicialmente, os volumes previstos serão voltados ao mercado externo.

Para cumprir seus objetivos, a Amaggi & LDCommodities pretende investir US$ 100 milhões em armazéns e instalações portuárias em sua área de atuação. No primeiro ano, disse Bongiolo, os negócios ficarão concentrados na Bahia, até porque a joint venture já nasce com dois armazéns para 60 mil toneladas cada no Estado – em Luis Eduardo Magalhães e em Correntina. E como o foco estará na Bahia, a ideia é partir com exportações concentradas nos portos de Aratu (BA) e Tubarão (ES).

Mas por que dois grupos que há anos estão em franca expansão uniram forças para atuar em uma área de grande potencial e espaço para tacadas individuais, já comprovadas pela presença de outras grandes tradings multinacionais? Conforme Bongiolo, exatamente pelo fato de que ambas estavam apenas começando a operar por lá, e que as sinergias existentes nesse caso tendem a acelerar a expansão.

“É uma região onde serão produzidas 6 milhões de toneladas no horizonte que falamos [cinco anos], então representa um ‘market share’ [para a joint venture] de 15%”, afirmou Kenneth Geld, presidente da Louis Dreyfus Commodities do Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura, no ano que vem os quatro Estados, juntos, deverão colher 5 milhões de toneladas de soja. O volume de 1 milhão de toneladas previsto pelos sócios representa pouco mais de 10% do que as companhias já movimentam hoje no país.

Na safra que está sendo plantada agora (2009/10), a movimentação de grãos da nova companhia está projetada em 300 mil toneladas. A Amaggi & LDCommodities terá estruturas administrativa e comercial próprias, e cada parceira terá 50% de participação. O investimento de US$ 100 milhões previsto deverá fomentar a construção de dez estruturas de armazenagem. No futuro, as sócias admitiram que poderão ter esmagamento conjunto de grãos para produção e exportação de derivados.

Em 2009/10, tanto LD quanto Amaggi estimam elevar também os respectivos volumes de grãos movimentados individualmente, sem considerar a parceira. A LD, cujo avanço recente foi turbinado por negócios na área sucroalcooleira e que faturou US$ 4 bilhões em 2008, espera ampliar o volume de soja movimentado de 4,5 milhões para 5 milhões de toneladas, e o de milho de 1,5 milhão para 2 milhões de toneladas. Já a Amaggi, que deverá faturar US$ 2,5 bilhões em 2009, espera expandir a originação total de 4,5 milhões para 5,2 milhões de toneladas.

O grupo André Maggi começou há pouco tempo sua expansão internacional – abriu um escritório em Roterdã (Holanda) em 2008 e é parceira da norueguesa Denofa e da japonesa Marubeni -, e acredita que a associação com a LD também será importante para acelerar sua expansão no front externo.

No País, onde está em expansão com novos escritórios no Paraná e no Rio Grande do Sul, a Amaggi conta com três esmagadoras. Já a Dreyfus tem no Brasil quatro fábricas processadoras de oleaginosas, três de laranja e dois terminais portuários, além da divisão de açúcar e álcool, que recentemente incorporou a usina paulista Santelisa Vale.

Na terça-feira, a LD ganhou, em parceria com a americana Cargill, a concorrência para operar o terminal de grãos do Guarujá (SP), que era da Cargill antes de a concessão expirar.