Os países da Ásia, do Oriente Médio e da África ocuparam, em 2009, espaços antes dominados pela União Europeia e pelos Estados Unidos e se consolidaram como os maiores compradores dos produtos agropecuários brasileiros. Somente os asiáticos passaram de uma participação de 23,5% em 2008 para 30,4% no ano passado, tornando-se o principal mercado de destino do país.
A União Europeia, que detinha o posto em 2008, diminuiu sua participação de 33,1% para 29,3%. O Oriente Médio, com 9%, passou o Nafta, grupo formado por Estados Unidos, México e Canadá, que tem 8,5%. A África foi responsável por 7,7% das importações.
Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a diversificação de mercados foi importante para o País enfrentar a crise mundial e deve-se continuar trabalhando nesse sentido. “Nunca acreditei nas possibilidades da Rodada Doha [negociação no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), que trata da liberalização do comércio mundial], então, temos que continuar neste trabalho que estamos fazendo, abrindo mercados, mostrando que temos qualidade e temos produto”, afirmou.
Individualmente, a China teve 13,8% de participação nas exportações do agronegócio brasileiro, consolidando a primeira posição, seguida pelos Países Baixos, com 7,7%, e pelos Estados Unidos, que compraram 7% do total exportado.
Segundo Stephanes, os maiores entraves para as exportações brasileiras são as questões fitossanitárias, mas, ao longo de 2009, foram sendo resolvidas com vários mercados e devem melhorar este ano com a possibilidade do país ser reconhecido como livre de febre aftosa com vacinação, ampliando o potencial de exportação de carne bovina. Ele disse que o Japão e a África do Sul são mercados com os quais o Brasil ainda tem pendências nessa área, e por isso são o foco este ano.
Apesar disso, o ministro disse que a agricultura é a que mais tem crescido em eficiência nos últimos dez anos e tem grande capacidade de competição, mesmo com o protecionismo de outros países, e quer se expandir em todos eles. “Não temos preferência por mercado. Trabalhamos com 180 países e temos que abrir cada vez mais mercados”, afirmou.
Para dar mais agilidade à resolução de questões fitossanitárias, ou outras que interfiram no comércio de produtos agropecuários, o ministro destacou que, a partir de março, a África do Sul, os Estados Unidos, a China, a Rússia, a União Europeia e o Japão terão adidos agrícolas nas embaixadas brasileiras, além de um em Genebra, para tratar diretamente com a OMC.
“Foi uma batalha de 40 anos. Há 40 anos o ministério queria ter adidos agrícolas e foi um processo seletivo muito bom. É a elite do ministério e foi uma seleção extremamente rigorosa, segundo o próprio Itamaraty”, afirmou Stephanes.