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Agroenergia

Novos players no etanol

<p>ANP abre o leque da comercialização de etanol no Brasil. Agência permitirá que novos "players" vendam o combustível para as distribuidoras.</p>

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a criação de agentes de comercialização de etanol para dar impulso ao mercado de combustível negociado na BM&FBovespa, hoje com pouca ou quase nenhuma liquidez.

A medida deverá permitir a entrada de novos “players” no mercado de comercialização nacional de etanol. As regras foram discutidas em audiência pública, no dia 31 de agosto. As resoluções deverão ser publicadas nos próximos dias, afirmou Allan Kardec Duailibe, diretor-geral da ANP, ao Valor.

De acordo com a ANP, os agentes de comercialização de etanol poderão ser pessoas físicas ou jurídicas que operam em bolsa de mercadorias e futuros. Mas as empresas deverão se beneficiar destas operações. A Delta Energia, companhia comercializadora de energia elétrica, já faz planos para operar neste mercado.

Pelas regras atuais, somente as usinas podem vender álcool anidro ou hidratado diretamente às distribuidoras de combustíveis. A expectativa é que a instituição desses novos agentes comercializadores abra o leque e aumente o poder de barganha das usinas nesse mercado.

A mudança nas regras foi comemorada pelas usinas sucroalcooleiras. “A Unica [União da Indústria da Cana-de-açúcar] trabalhou intensamente para que esse projeto tornar realidade”, afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica.

Para estimular as operações com etanol combustível na BM&FBovespa, algumas mudanças começaram a ser realizadas. Atualmente, os contratos de álcool negociados na bosla são do tipo anidro, cotados em dólar. “Os que serão comercializados pelos agentes serão do tipo hidratado, cotados em reais. A BM&FBovespa está elaborando as mudanças”, afirmou Padua.

O setor sucroalcooleiro movimenta entre 22 bilhões a 24 bilhões de litros de etanol combustível no mercado interno. Cerca de 3 bilhões de litros deverão ser exportados nesta safra. O álcool hidratado responde por mais de dois terços dos negócios.

Segundo Duailibe, esses agentes só entram no mercado quando houver entrega física do produto na bolsa. Neste caso, estas empresas poderão atuar como intermediárias na venda de etanol entre as usinas e as distribuidoras.

“A criação de agentes comercializadores deverá dar impulso à internacionalização da commodity e fortalecer os negócios na BM&FBovespa”, disse Duailibe. Ele observou também que a ANP tem concentrado esforços em divulgar o nome etanol nos postos de distribuição de combustíveis em todo país, como forma de promover a commodity.

A decisão de dar impulso aos negócios com etanol na BM&F reflete também a necessidade de as usinas sucroalcooleiras terem um instrumento de hedge (proteção) para o combustível. O açúcar, também com fraca liquidez na BM&F, tem suas operações de “hegde” fortalecidas nas bolsas de Nova York e Londres.

O alto volume de comercialização de álcool combustível tradicionalmente é realizado no mercado físico. E neste caso, somente as usinas podem vender para as distribuidoras. Empresas terceiras, como tradings, só negociam o álcool no mercado externo.

Para negociarem com as distribuidoras com maior escala, e não individualmente, como geralmente ocorre, as usinas têm de criar companhias de comercialização, controladas por elas. Segundo Padua, a Copersucar é a única do país que já se encaixa neste perfil, uma vez que é uma empresa que não está restrita à comercialização de usinas cooperadas. Como uma SA (sociedade anônima), poderá vender álcool de outras companhias.