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Sanidade

Nutrição animal tenta alongar vida humana

Envelhecimento da população aumenta preocupação com saúde. Alimentos devem assumir prevenção de doenças.

Nutrição animal tenta alongar vida humana

Que tal uma coxa de frango antiestresse ou uma costelinha de suíno que previne o câncer? Para isso, saiba o que o bicho andou ingerindo. Na linha do “você é o que você come”, as pesquisas que aprofundam o controle sobre a dieta dos animais de corte e leite estão assumindo a responsabilidade de aumentar a expectativa de vida dos consumidores, conforme as discussões do 29.º Simpósio Internacional Alltech, que reuniu 2,5 mil pessoas em Lexington (KY), nos Estados Unidos, na semana passada.

“Em todos os continentes, a parcela da população acima de 40 anos está crescendo, num movimento que inverte a tradicional pirâmide das faixas etárias. A base dessa pirâmide, formada pela população jovem, é cada vez menor”, apontou Eugenia Wang, professora da Universidade de Louisville, uma das primeiras pesquisadoras a descobrir no genoma humano informações relacionadas ao envelhecimento das células.

De acordo com Eugenia Wang, o envelhecimento exige que a ciência e a tecnologia ofereçam desde testes preventivos, como os que permitiram à atriz Angelina Jolie optar pela retirada dos seios diante do risco de câncer, até alimentos com ômega 3, ácido graxo essencial para a saúde que não é produzido pelo corpo humano. E que ninguém duvide de avanços decisivos: “Estamos numa época em que a realidade se aproxima da mágica.”

Os pesquisadores de genética e nutrição defendem que é necessário cuidar mais da saúde dos animais para que as pessoas tenham menos doenças. Se por um lado ainda existe muito a ser pesquisado, por outro há mudanças na prática. O controle de micotoxinas no milho e na soja – principais ingredientes das rações – vem sendo sistematizado, mostrou a pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Elizabeth Santin, numa das sessões do simpósio. O sistema de coleta de amostras para testes passa por uma revisão e a tendência é que as exigências dos mercados consumidores aumentem, mostrou a discussão. As micotoxinas aparecem nas lavouras e nos armazéns e estão entre os fatores relacionados ao câncer.

O domínio que as pesquisas oferecem à produção de alimentos tornam a atividade mais abrangente. Fazem com que a genética seja uma área próxima do mercado de commodities num futuro próximo, defendeu Pearse Lyons, fundador da Alltech, empresa de nutrição que tem atua em 128 países. “Seis anos atrás, não se pensava que a tecnologia seria tão importante como é atualmente. Em 2020, o que hoje parece avançado deve estar superado em produção de alimentos.”

As relações de empresas com universidades e centros de pesquisa são decisivas, avalia. Uma das atividades do simpósio de nutrição foi justamente uma visita a laboratórios de Lexington que envolvem pesquisadores de universidades e hospitais. Enquanto projetos tentam decifrar por que a doença de Alzheimer reduz o tamanho do cérebro humano, por exemplo, outros produzem e industrializam carne com controle sobre cada detalhe da atividade.

Produção vegetal do futuro terá cultivo na água – Se não houver mais terras para o cultivo de fontes de proteína, por que não usar a água? Alimento farto para a vida aquática, as algas podem ser a opção do futuro e servir de fonte de substâncias como o ômega 3, óleo saudável mas escasso nos alimentos atualmente.

As pesquisas da Alltech sobre algas chamam a atenção dos especialistas e investidores. A empresa estaria próxima de iniciar a produção comercial desses organismos, apontados como os vegetais que crescem mais rápido na natureza e produzem 70% do oxigênio do planeta.

Elas podem ser industrializadas e ampliar a carga de proteínas, vitaminas e minerais nas rações e na própria alimentação humana. Tanques de cultivo devem fazer as algas passarem de ingrediente de cosméticos para a mesa do consumidor. Segundo a Alltech, um hectare de alga se equipara a 21 hectares de soja e a 49 hectares de milho na produção de proteína.

Nem por isso, o oleaginosa e o cereal deverão perder espaço, diante do crescimento da demanda internacional por alimentos, conforme Mark Lyons, vice-presidente da Alltech que trabalha na expansão dos negócios da empresa na China.

A companhia de nutrição vegetal e animal voltou sua atenção para a América do Sul na última década, onde a produção de grãos mais se expande no planeta. Em 2020, a China deve assumir a liderança nos negócios da empresa, com o Brasil em segundo lugar e os Estados Unidos em terceiro, apontou o executivo. “A China está tentando expandir ao máximo a produção de alimentos, mas tem limitações de área e tecnologia. A evolução do consumo vai ampliar a importância do país para fornecedores de insumos e de grãos”, avaliou.