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O futuro do mercado de carne

<p>Expansão do consumo mundial vai favorecer a avicultura.</p>

Redação (07/10/2008)- Mesmo diante de um cenário mundial temeroso com as conseqüências da crise financeira norte-americana, o Brasil apresenta resultados que deixa pelo menos os setores do agronegócio mais seguros quanto ao futuro. Um deles é o estoque de passagem de milho, que deve bater recorde histórico nessa virada de 2008 para 2009. Ele deverá ser de 11 milhões de toneladas contra quatro milhões do fim do ano passado.

A informação foi dada na última sexta-feira (03/10) durante evento que tratou do tema “Como será o mercado de carne nos próximos anos”. A promoção reuniu durante todo o dia no Hotel Deville, em Cascavel, grandes empresários e executivos do agronegócio, bem como presidentes de cooperativas e técnicos ligados ao setor primário de várias regiões do País.

O dia foi dedicado a análises dos mercados a partir de números atuais e de projeções que se referem, entre outros elementos, à produção, consumo e políticas de incentivo e também quanto a linhas de crédito. Os trabalhos foram abertos por Luiz Henrique Rodrigues Estima, responsável pelo private bank do JP Morgan para os estados dos Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e pelo especialista em commodities e consultor de grãos Paulo César Kindrat.

Depois de repassar alguns indicadores econômicos do país e do mundo, Estima informou que sua instituição trabalha com um cenário de crescimento positivo do Brasil em 2009, "talvez um pouco abaixo dos 3,9% previstos para este ano". Quanto à taxa de câmbio, ele disse que qualquer previsão é "mero exercício de futurologia, diante da extrema volatilidade que vive atualmente o mercado financeiro mundial".

Em sua apresentação, Kindrat destacou que, diante do quadro atual, a perspectiva que se faz para o mercado de grãos para 2009 é que os preços no mínimo se mantenham na média de 2008. O empresário Velci Kaefer, da Globoaves, analisa as informações do estoque de passagens e de manutenção de preços como confortantes para o agronegócio e principalmente para a cadeia de aves. “Dá tranquilidade porque esses são indicativos de que não faltarão produtos e os preços vão manter-se relativamente acessíveis”.

Carnes

O especialista em avicultura e diretor da Global Poultry Strategies, Gordon Butland, fez uma leitura aprofundada sobre as perspectivas para o mercado principalmente do frango. Gordon abriu sua participação informando que os países passam a buscar soluções caseiras e melhorar seus estoques, principalmente no que se refere ao milho. No entanto, alertou, o consumo de milho deve crescer menos que o da soja nos próximos dez anos, grão que tem 85% das colheitas mundiais extraídas das américas.

Haverá uma pressão por alimentos a base de carnes nos próximos anos em função de o crescimento populacional, na casa de 11% em média, estar acima da produção de alimentos, que avança na ordem de 2,5% ao ano. A China desenvolverá papel importante neste cenário, porque tem 20% da população do planeta e apenas 6% da água, bem como a Índia, que tem 18% da população e 3% da água. O Brasil por sua vez, segundo Gordon, tem apenas 3% da população e 13% de toda a água potável do planeta e isso, associado à fertilidade do solo, faz uma diferença enorme nesse mercado.

A China sozinha consome 30% de toda a carne produzida no globo e o grande desafio é onde conseguir matéria-prima para que a produção seja suficiente para atender toda a demanda. Apesar das perspectivas para a carne de frango, consumida sem nenhum tipo de preconceito no mundo todo, o importante, segundo Gordon, é fixar novas metas de expansão de produção e de investimentos a partir de estudos técnicos e planejamento detalhados.

O empresário Roberto Kaefer, da Globoaves concorda: “Crescemos no Brasil 10% neste ano e aumentamos a exportação em 14%. O que se busca agora é entender se esse nível de crescimento é benéfico para o setor e que consequências poderá trazer”. Roberto defende que a expansão do segmento para o próximo ano deva ficar em 5%, a fim de aumentar demais a demanda e reduzir preços. “Diante da análise global do segmento, precisa-se buscar o equilíbrio como o melhor aliado”. O evento foi promovido pela Globoaves.