Nunca usei muito esse provérbio. Mas hoje em dia ele cai como luva se o assunto é educação e comunicação para a sustentabilidade, duas atividades cuja matéria prima é o conhecimento, o qual podemos até segmentar em três dimensões, para efeitos práticos.
Começa com a educação que nos ensina a produzir ou transformar recursos. É o conhecimento que ensina a fazer certo ou melhor e, por isso mesmo, precisa ser amplamente disseminado, pois faz as pessoas progredirem.
Há também aquele conhecimento que nos faz colocar os pés no chão, mostrando os resultados que de fato estamos produzindo, sem máscaras. É o conhecimento típico da gestão, que ensina a medir, avaliar e ordenar os elementos para melhorar ou inovar.
E temos ainda uma dimensão de conhecimento para a restauração dos recursos ambientais, que vai nos ajudar a adequar novamente um ambiente desequilibrado — e a conservá-lo dali para frente.
Obviamente, o ideal é gerar conhecimento com a mesma ênfase nas três dimensões. Mas às vezes o fator tempo e a realidade dos recursos nos levam a priorizar, pois os desafios demográficos estão postos e são eles que desenham o cenário para o futuro da sustentabilidade no agronegócio.
Já sabemos que, se agirmos como hoje durante a próxima década, a demanda por recursos será bem maior do que a capacidade do planeta em fornecer. Em sustentabilidade, portanto, parece que vivemos um daqueles momentos em que o ótimo talvez seja inimigo do bom.
Assim, entre educação para evolução, restauração ou gestão, eu votaria por uma prioridade para esta última (sem abandonar as outras), pois a falta de réguas para melhor medir e avaliar os sistemas de produção pode estar inibindo uma maior ação em prol da sustentabilidade.
Aplique Bem*, um premiado programa de capacitação do produtor e trabalhador rural em aplicação de defensivos agrícolas, aliou-se ao Pão de Açúcar para melhorar o perfil técnico dos fornecedores hortifruti da rede supermercadista, nesse quesito.
Na primeira visita aos produtores para medição, diagnóstico e informação corretiva, o índice de fornecedores fora de conformidade foi de 40%. Na segunda visita 80% já estavam em conformidade e, na terceira, esse índice subiu para 90% dos produtores.
Os dados foram mostrados no I Workshop Brasil – Educação e Segurança no Campo, da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), e revelam o grande impacto da primeira visita aos agricultores, muito provavelmente devido à precisão do diagnóstico sobre a real situação das aplicações.
Medir para saber onde mudar e o que corrigir. Esse é o conceito simples e forte que está por trás de um programa como o Aplique Bem, mostrando que talvez essa seja a grande prioridade pró-sustentabilidade no momento.
Depois, é fazer isso tudo chegar ao campo de modo efetivo e motivador. E aí fica também uma dica do programa*: a parceria. Envolver na ação organizações que representem um traço da cadeia produtiva, se possível com o apoio da área acadêmica. É assim que vem acontecendo nesse bem sucedido exemplo.
(*) O Programa Aplique Bem é realizado pelo IAC — Instituto Agronômico de Campinas e pela Arysta LifeScience, há alguns anos. Mais recentemente o Grupo Pão de Açúcar juntou-se à iniciativa, para uma ação especial entre seus fornecedores de hortifruti.