A produção de alimentos em Mato Grosso deve crescer 76% em uma década, saltando de 40,7 milhões de toneladas (estimativa para 2013) para 71,6 milhões de toneladas. Incentivado pela demanda mundial, o crescimento na população e a ida desta para as áreas urbanas, o estado chegará ao ano de 2022 ofertando volume 76% maior em grãos (soja e milho), fibra (algodão) e carnes (suínos, bovinos e aves), como prevê o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), por meio do AgroMT 2022 Outlook, estudo inédito divulgado nesta sexta-feira (21) e que mapeou o comportamento da agropecuária no intervalo.
De acordo com o levantamento, na cadeia dos grãos o milho apresentará o maior crescimento. Sua produção deve se tornar 106% maior na década e passar de 13 milhões de toneladas em 2013 a outras 28,6 milhões de toneladas em 2022.
O economista Daniel Latorraca, gestor do Imea, explica que a alta vai se apoiar também no acréscimo 68,8% na área destinada ao cereal (de 2,9 milhões de hectares a 4,9 milhões de hectares). Na prática, o produtor vai plantar mais soja e, na mesma medida, aproveitar os espaços para o milho. A oferta de terras em pastagens aptas ao cultivo de grãos será o trunfo do setor agrícola, lembra o representante. De acordo com o estudo, a área para a produção de grãos vai passar de quase 8 milhões de hectares para 12 milhões de hectares, uma alta de 51,80%.
“As áreas já estão abertas e serão convertidas em produção de grãos”, afirma Latorraca. Já a produção de soja deve atingir até 2022 volume de 39,1 milhões de toneladas, montante 61,9% acima do estimado para 2012/13, em 24,1 milhões de toneadas. A safra será retirada de uma área também 51,8% maior (passando de 7,9 milhões de hectares a 11,9 milhões de hectares).
Ao avaliar o desempenho para o algodão, o Imea aponta uma produção de 895 mil toneladas na safra 2021/22, acréscimo de 29% frente ao ciclo 2012/2013, quando são esperadas 694 mil toneladas. O resultado manterá o estado na liderança brasileira da produção de algodão, pontua Daniel Latorraca.
“Veremos um acréscimo mais considerável na produtividade [25% maior até 2022], apesar de a área não crescer muito [3%]”, manifestou.
Carnes
“O pecuarista usará mais a taxa de lotação. A atividade não perderá sua competitividade mesmo reduzindo sua área em 19%. Enquanto isso, a lotação crescerá 26% e fará o rebanho se estabilizar”, comentou. O rebanho bovino do estado deve crescer de forma tímida e até 2022 chegar a 29,6 milhões de animais.
Mas para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, há fatores que podem limitar a produtividade. A entidade vê com conservadorismo a projeção de crescimento para a pecuária. “A renda será determinante para o crescimento do setor, pois sem ela não há como se adotar a tecnologia nas propriedades”, afirmou.
Já o presidente da Associação, José Bernardes, diz que a redução das áreas de pastagens nos próximos anos será inevitável. No entanto, a proporção será definida mediante as chamadas variáveis de mercado.
Ainda segundo o Imea, a produção de carne suína deve crescer 108% e até 2022 atingir 373,2 mil toneladas. Já a de aves, 96% sendo prevista em 997,3 mil toneladas.
Entraves
Mas o estado ainda enfrentará gargalos para crescer e ganhar competividade, afirma Otávio Celidônio, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. “Não adianta ter um volume tão grande de produção e não ser competitivo”, alerta.
O entendimento é o mesmo do diretor-executivo da Famato, Seneri Paludo. “É fato que a produção de alimentos de Mato Grosso, principalmente soja e milho, irá crescer muito nos próximos anos. Mas para isso precisamos vencer alguns problemas crônicos do estado, como logística, armazenamento dos grãos e a falta de mão-de-obra”.
O estado espera a conclusão de obras como a BR-158 (principal saída para os portos da região Norte), e da BR-163 (no Pará), para alavancar a agropecuária.
Até 2022 a população muncial deve atingir a casa de 7,8 bilhões, crescimento de 11% sobre os 7,1 bilhões de habitantes em 2012, conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Cinquenta e cinco por cento da população estarão vivendo nas cidades, enquanto 55% no campo. A renda per capita deve melhorar. Segundo a FAO e o FMI, de US$ 6,9 mil por pessoa/ano em 2012 alcançar US$ 9,5 mil pessoa/ano em 2017.