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Oferta escassa de matéria-prima preocupa indústrias avícolas

<p>O setor fez duas propostas: autorização para importar milho da Argentina e redução dos alojamentos de pintinhos em 30% no período de dezembro a fevereiro.</p>

Redação (27/11/2007)- Representantes da avicultura de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, que respondem por cerca de 90% da produção nacional de aves, decidiram na sexta-feira pressionar o governo para garantir oferta de milho até a colheita de safra de verão. O setor fez duas propostas: autorização para importar milho da Argentina e redução dos alojamentos de pintinhos em 30% no período de dezembro a fevereiro.

Conforme Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), o setor está preocupado com um possível desabastecimento. "Existe escassez nos estoques e não sabemos ao certo se ele será suficiente", afirmou. Como houve atraso no plantio da safra de verão devido à estiagem, a colheita também se iniciará mais tarde, por isso a preocupação maior é com a oferta do grão a partir de março.

Martins observou que o milho responde por 65% da alimentação do frango. Além da oferta, há preocupação com o preço, que subiu de R$ 14 a saca em meados do ano para R$ 28 em novembro no Paraná. "Propomos viabilizar a importação da Argentina, porque o preço de fora está mais barato", disse. Pelos cálculos dos avicultores, o milho do país vizinho chegaria a São Paulo por R$ 29 a saca, abaixo dos R$ 34 pagos por produtores de frango atualmente.

Cesar Borges, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Milho (Abimilho), disse que a tonelada do milho no Brasil está US$ 100 mais cara que o grão vendido no exterior. "E o mercado futuro sinaliza para preços mais altos", afirmou. Segundo ele, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná têm estoques mais confortáveis, mas ainda assim, há risco de desabastecimento.

Conforme estudo da Câmara Setorial de Milho da Secretaria de Agricultura de São Paulo, a demanda no Estado deve crescer 3,1% neste ano, para 7,7 milhões de toneladas, e a oferta aumentará 1,8%, para 8,1 milhões de toneladas. Segundo Alfredo Tsunechiro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), São Paulo deve importar 5,4% mais milho de outras regiões. O Estado – segundo maior consumidor de milho, depois do Paraná – importa volume equivalente a 43% de sua demanda.

No Paraná, segundo o Sindiavipar, o setor avícola deve postergar aportes em ampliações até março. "Nossa maior preocupação não é pagar caro pelo milho, mas não ter o grão, e tememos que isso aconteça em março", disse Martins. Ele informou que houve unanimidade entre os presentes sobre as ações que devem ser tomadas, mas cada produtor decidirá o que fazer. "Quem quiser correr riscos, pode correr."