Da Redação 04/06/2004 – 06h41 – As operações com Cédulas do Produto Rural (CPRs) avalizadas pelo Banco do Brasil movimentaram R$ 1,056 bilhão entre janeiro e maio deste ano, com 17,9 mil contratos negociados no período. O valor apurado representa um incremento de 155% em relação aos cinco primeiros meses de 2003, quando o BB avalizou 8,98 mil contratos e R$ 413,9 milhões.
O desempenho das operações ficou bem acima da média, segundo Ives Füber, gerente de agronegócios do banco. “Os agricultores se anteciparam para a compra de insumos”, afirmou.
Somente nestes cinco meses, as operações com CPR atingiram os valores movimentados pelo banco em 2002. O balanço parcial deste ano já representa 70% do total movimentado durante 2003, quando foram cumpridos R$ 1,5 bilhão. “Nossa meta é fechar o ano com R$ 3 bilhões”, acrescentou Füber. Para cumprir o objetivo, o BB aposta na maior demanda por parte dos agricultores no segundo semestre.
Desde o seu lançamento, em 1994, as linhas de crédito via CPR crescem continuamente, com exceção de 1996. A CPR é um título que permite ao agricultor antecipar dinheiro junto ao mercado sob o compromisso de entrega futura de sua produção – no caso da modalidade física -, ou por liquidação financeira ao Banco do Brasil.
“É um complemento para o agricultor que não conseguiu levantar todos os recursos pelos créditos oficiais do governo”, explicou José Carlos Vaz, diretor do BB. Esses recursos são levantados no mercado, uma vez que o BB avaliza esse capital ao produtor. As taxas de juros oscilam de 18% a 22% ao ano. Além de garantir capital de giro, o título também serve como instrumento de proteção de preços.
Os produtos mais demandantes continuam sendo boi e soja. Juntos, os dois produtos representaram 51,5% do total negociado até maio, ou R$ 543,9 milhões. O café ficou em terceiro lugar em movimento de receita (R$ 239,8 milhões), mas em primeiro lugar em operações de contratos. “O algodão está ganhando espaço nas operações de CPRs”, disse. Neste ano, as operações para a fibra somaram quase R$ 62 milhões.
Do total avalizado pelo banco até maio, 79% da oferta foi para a CPR financeira. Nos últimos meses, a demanda por esta modalidade tem crescido. Há dois anos, representava 68% das operações. A maior participação dos pecuaristas justifica, em parte, o crescimento da demanda por liquidação financeira, afirmam os especialistas do setor. “Como a CPR física pressupõe a entrega do produto, os pecuaristas preferem a modalidade financeira”, disse Füber. Segundo ele, nada impede que haja entrega física, uma vez que o banco têm frigoríficos cadastrados no país.
De acordo com o banco, as operações com CPR física são mais solicitadas pelos cafeicultores, que reduziram, desde o início de 2003, sua participação nas operações em razão da queda dos preços do grão.