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Exportação

Oportunidade da África

<p>Missão sul-africana deve abrir novos mercados, inclusive nas áreas de alimentação e máquinas em geral.</p>

Uma missão de representantes do governo e de 37 empresas da África do Sul vem ao Brasil nesta semana, num momento em que a crise global provoca uma queda expressiva no comércio bilateral entre os dois países, depois do forte crescimento registrado desde o começo da década. A chefe da missão sul-africana, a vice-ministra de Comércio e Indústria, Thandi Tobias-Pokolo, vê potencial de crescimento nas exportações da África do Sul para o Brasil principalmente em setores como autopeças, produtos químicos, produtos eletrotécnicos, como sistemas de segurança, e alimentos, vinhos e bebidas.

O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Newton de Mello, por sua vez, diz que há perspectivas positivas para as empresas brasileiras de segmentos como alimentos, máquinas em geral, elétrico e de mineração. Ele destaca que os negócios com os países da África são estratégicos para a expansão das exportações do setor privado brasileiro, lembrando que a economia sul-africana é a mais importante do continente.

As vendas externas do Brasil para a África do Sul saltaram de US$ 302 milhões em 2000 para US$ 1,754 bilhão em 2008. Das exportações do ano passado, 82% foram de produtos manufaturados, com destaque para produtos do setor automotivo, como veículos e autopeças. De janeiro a maio de 2009, porém, as vendas brasileiras para a África do Sul recuaram 20% em relação ao mesmo período de 2008, para US$ 535 milhões. As exportações totais do Brasil tiveram queda um pouco superior no mesmo intervalo, de 23%.

As importações de produtos da África do Sul pelo Brasil cresceram a um ritmo forte a partir de 2002, passando de US$ 181 milhões para US$ 773 milhões no ano passado. Neste ano, contudo, a queda é forte. No período entre janeiro e maio, elas atingiram apenas US$ 179 milhões, 44,8% a menos que em igual intervalo de 2008. É uma queda maior que a das importações totais do Brasil, de 27,34%.

Apesar dessa queda recente do comércio bilateral, Thandi mostra uma visão otimista quanto às perspectivas das relações entre Brasil e África do Sul. “O maior desafio é a falta de consciência em termos de oportunidades representadas pelas duas economias”, afirmou a vice-ministra, em breve entrevista ao Valor, feita por e-mail. Segundo ela, também é importante a parceria dos dois países no Fórum Índia-Brasil-e África do Sul (Ibas). “Essa iniciativa é uma oportunidade valiosa para essas economias emergentes se engajarem em seus desafios de desenvolvimento e em como responder à crise global”, afirmou ela, lembrando que já foram definidos comitês para lidar com assuntos de interesse mútuo, como a promoção do comércio e investimento.

Os membros do governo da África do Sul e das empresas do país de setores como mineração, automobilístico e de alimentos participam de um seminário hoje, na Fiesp, e de outro na quarta-feira, na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Haverá reuniões individuais entre empresários brasileiros e sul-africanos, além da apresentação de agências de desenvolvimento da África do Sul.

Para Mello, é fundamental para as empresas brasileiras e para o Brasil se aproximarem da África, uma região com quem o país tem muitas afinidades culturais. Ele destaca que é necessário competir lá com a China, que vem avançando fortemente no continente africano. “Os próprios países da África gostariam de ter um parceiro alternativo à China. Segundo alguns governos africanos, a presença chinesa é excessiva”, afirma ele.