O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) transformou-se no principal alvo de críticas do relatório da organização do Fórum Econômico Mundial, elaborado em conjunto com a Fundação Dom Cabral, sediada em Belo Horizonte. “O PAC não vai acelerar nada, é programa de recuperação do crescimento”, disse o diretor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende, especialista em transportes e logística e responsável pela análise do quesito infraestrutura para o Brasil no relatório do fórum.
Resende vê o programa federal com poucos investimentos para fazer frente às demandas. Seu relatório tomou como base o plano nacional de logística da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e o estudo dos sistemas de energia dos Estados Unidos, China, Austrália e Canadá, países de grandes dimensões como o Brasil.
Na área de distribuição de energia, o Brasil precisaria investir US$ 10 bilhões até 2010 e previsão do PAC para isso é de US$ 5,6 bilhões. Nas rodovias, o investimento deveria chegar a US$ 25 bilhões até o ano que vem. O programa federal prevê US$ 14 bilhões para o segmento. No setor portuário, a necessidade estimada pelo professor é de US$ 15 bilhões, montante três vezes superior aos investimentos citados no PAC. “Se, em cinco anos, o Brasil crescer de 4% a 5%, vai sofrer um apagão logístico”, afirmou.
Resende fez ressalva a um uso eleitoral do programa. “Precisamos proteger o PAC de influências políticas, o PAC não pode ser politizado”, disse. O diretor da FDC lembrou que a legislação eleitoral deve atrasar ainda mais as obras do programa, devido ao impedimento de obras públicas durante o período.
Entre as obras atrasadas que considera mais importantes, Resende cita o anel rodoviário de São Paulo e o arco metropolitano do Rio, não apenas para diminuir os custos de transporte das empresas, mas para reduzir os congestionamentos nas duas cidades.
Em São Paulo, Resende calcula prejuízo de R$ 31 bilhões ao ano com os congestionamentos e a perda de três horas diárias nas marginais Tietê e Pinheiros, na rodovia Bandeirantes e na avenida 23 de maio. No Rio, a perda chega a R$ 16 bilhões ao ano, com média de duas horas gastas no trânsito, em levantamento feito nas linhas vermelha e amarela e nas avenidas Presidente Vargas e Brasil.