Da Redação 21/07/2005 – O Brasil precisa investir R$ 15 bilhões anuais para diminuir os gargalos logísticos, de transporte e de armazenagem que afetam o escoamento da safra de grãos, segundo estimativa da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut). As empresas do setor calculam que este é o investimento necessário para as obras consideradas “emergenciais” e alegam que o governo não consegue executar mais de R$ 3 bilhões ao ano.
Diante desse quadro, a preocupação é de que ocorra um “colapso logístico” se os investimentos necessários não forem feitos.
Othon Abreu, diretor-presidente da Kepler Weber, acredita que o sistema logístico brasileiro está “à beira de um colapso” e prevê um limite de dois anos para que o governo adote uma política conjunta com o empresariado de apoio e investimento na área logística. Após esse período, disse ele, aumentará a possibilidade de ocorrer o chamado “efeito pororoca”: o produto não encontra espaço nos portos e volta para o campo, apodrecendo.
Segundo Abreu, os terminais graneleiros no Brasil sofrem com falta de berços, restrições de acessos marítimo e terrestre e incapacidade de armazenagem, recepção e expedição das cargas. Conforme ele, desde 1999 a produção de grãos vem subindo, o que não aconteceu com a capacidade de armazenagem, gerando um déficit de 30%. “A iniciativa privada tem condições de investir, o que falta é acabar com a burocracia do governo”, afirmou Abreu durante fórum sobre infra-estrutura e logística da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag).
O presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut), Paulo Protasio, concorda que o empresariado tem condições de investir em infra-estrutura, mas preocupa-se com as políticas do governo. Até 2007, segundo ele, o setor precisa de uma sinalização “clara” do governo de que existem esforços para se estancar os entraves burocráticos .
Protasio avalia que, para solucionar o problema, seja necessário uma articulação entre governo federal e poder legislativo para a criação de um fórum de discussão e o aporte de recursos públicos para a execução de obras de melhoria da malha viária e dos gargalos.
Para tentar reduzir os gargalos, as empresas vêm investindo em transbordo nos diferentes modais, transportes hidroviários e ferroviários. Segundo Elias Nigri, presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), as empresas do setor ferroviário já investiram, desde 1997, R$ 6 bilhões em manutenção de vias, vagões e parcerias.
Outro exemplo é a Caramuru Alimentos, que empregou na área logística mais de R$ 100 milhões nos últimos dez anos, segundo o vice-presidente da empresa, César Borges de Sousa. Para este ano, os investimentos serão de R$ 10 milhões, “apenas para consolidar os investimentos anteriores”, disse.