Redação (17/12/2008)- O Brasil vai realizar consultas com o governo da Rússia para contestar a nova distribuição de cotas de importação de carnes definida por Moscou. As tarifas são menores dentro das cotas, por isso o interesse dos exportadores. A decisão assinada pelo primeiro-ministro Vladimir Putin na semana passada transfere pedaços do mercado russo do Brasil para os Estados Unidos.
A embaixada brasileira deve reclamar que a nova distribuição de cotas atropela um memorando de entendimento assinado em 2005 entre o então presidente Putin e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo compromisso, o Brasil dava apoio à entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto Moscou garantia que não reduziria o acesso brasileiro a seu mercado de carnes.
Na nova decisão, relativa às cotas para 2009, a Rússia elevou a fatia americana de carne suína de 40,3 mil para 100 mil toneladas, enquanto a cota para "outros" países, pela qual o Brasil exporta – e domina -, caiu de 197 mil para cerca de 177 mil toneladas.
No caso da carne de frango, a cota para "outros", pela qual o Brasil vende seu produto com tarifa menor, desmorona de 71 mil toneladas para apenas 12,4 mil toneladas. As tarifas de importação fora da cota também aumentam substancialmente, podendo resultar em prejuízo de milhões de dólares para os exportadores brasileiros.
A atitude russa ocorre semanas depois de o Brasil comprar 12 helicópteros de combate russos, em uma tentativa de reforçar o comércio bilateral.