O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao discursar ontem no evento em comemoração aos dez anos do Valor, ressaltou a importância da demanda interna para o crescimento econômico do país, assim como a mudança da política comercial implementada por seu governo. Lula ressaltou o retorno do ritmo forte de crescimento econômico do país, após a crise internacional.
“O fato é que enquanto as nações mais ricas se debatem entre desemprego e desequilíbrio fiscal, ameaçadas por um labirinto financeiro ainda não equacionado, a economia brasileira, após breve interregno, voltou a crescer de forma robusta como não acontecia há 20 anos”, disse Lula.
O presidente afirmou que em março o consumo de energia subiu 12% em relação ao mesmo mês de 2009, puxado pela indústria. Citou dados que reforçam essa retomada: redução do nível de desemprego, confiança do consumidor no maior patamar desde 2008, estimativa de recorde na safra agrícola para este ano e o crescimento recente na indústria de São Paulo, a mais afetada durante a crise.
Lula voltou a defender o Mercosul e a diversificação de mercados, justificando que os EUA não podem ser mais considerados como o principal importador do mundo. “A ênfase Sul-Sul e o comércio regional não cabem no espaço pequeno do preconceito ideológico nem podem ser tratadas superficialmente numa gincana eleitoral”, disse Lula, numa referência às críticas que o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra , vem fazendo ao bloco.
Para o presidente, a economia brasileira terá que se apoiar “cada vez mais” no mercado interno e na diversificação das parcerias comerciais internacionais.
O presidente disse que o Valor tornou-se leitura obrigatória aos que se interessam pelo desenvolvimento econômico. “A mediação de uma imprensa isenta e democrática, a exemplo do jornalismo praticado pelo Valor Econômico, pode contribuir de forma inestimável para que esse espírito, ao mesmo tempo crítico e comprometido com a verdade, predomine no debate eleitoral”, afirmou.
Junto ao presidente Lula estavam a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, os ministros Guido Mantega (Fazenda), Carlos Gabas (Previdência Social), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Marcio Zimermann (Minas e Energia), Orlando Silva (Esporte), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Franklin Martins (Secretaria da Comunicação Social). Participaram também o governador do Rio, Sergio Cabral, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e o senador Romeu Tuma (PTB-SP).
Os acionistas do Valor comemoraram o desempenho do jornal nesses dez anos e destacaram que o próximo desafio do jornal é o fortalecimento no meio eletrônico. “Se em uma década criou-se o melhor jornalismo econômico do país, nossos olhos devem agora se voltar para o futuro”, disse o diretor-presidente do Grupo Folha, Luiz Frias. “O Valor, com seu melhor jornalismo econômico do país, está estrategicamente posicionado para capturar oportunidades do mundo digital. Este é o desafio dos próximos dez anos.”
O vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, reforçou que a demanda por informação de qualidade continuará tanto no meio digital quanto no impresso. “A dúvida é se o jornalismo de qualidade sobreviverá. Eu não tenho dúvidas. A demanda por informação tratada, editada, seguindo critérios técnicos, com ética e portanto confiável será eterna. Esta é e continuará sendo a razão da nossa existência. Nesses dez anos, o Valor provou que sabe fazer isso como poucos. Nossa aposta, mais do que um sonho, é que continuará fazendo, em qualquer plataforma”.