Os principais países começaram a examinar estratégias para abandonar a Rodada Doha, após dez anos de tentativa para negociar nova liberalização do comércio de produtos industriais, agrícolas e serviços, na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A discussão sobre uma “estratégia de saída” começou a tomar tempo de reuniões de influentes negociadores do G-11, que inclui o Brasil, Estados Unidos, União Europeia, China e Índia. A questão é, se o impasse persistir, como reconhecer o fiasco de Doha “sem causar dano irreparável para a OMC”.
Sentindo a sombra do fiasco avançar, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, aproveitou um discurso a parlamentares, ontem, para enviar uma mensagem aos 152 países-membros. “Nesses tempos confusos, a OMC deve agir como um catalisador de confiança e de unidade mundial por meio da conclusão da Rodada Doha. Ela deve contribuir para um mundo mais estável. Uma crise da OMC não é o que se espera de membros responsáveis da comunidade internacional. Não devemos enfraquecer um dos melhores exemplos da cooperação internacional que funcione”, afirmou Lamy.
O plano atualmente na OMC é de até o mês que vem os presidentes dos comitês de negociação apresentarem textos finais para as barganhas do pacote. Mas “hiatos intransponíveis” continuam e isso poderá ser explicitado amanhã no G-11.
A negociação está bloqueada desde 2008 e a paciência de todo mundo está diminuindo, na medida em que os EUA continuam exigindo demasiada abertura de emergentes como Brasil, China e Índia sem querer pagar a contrapartida.
Para certos analistas, Doha está superada. Discute regras para um comércio mundial que evoluiu bastante, quando a realidade exige novos temas, como questões trabalhista e ambiental.