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Para Japão, biocombustível prejudica alimentos

<p>O tema esteve em alta na conferência do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Tóquio.</p>

Redação (04/11/2008)- A preocupação de que a produção de biocombustíveis possa afetar a oferta e os preços dos alimentos ainda é muito grande no Japão, país que importa mais de 60% do que sua população come. O tema esteve em alta na conferência do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Tóquio, nos dias 30 e 31/10/2008 para mais de 300 participantes no Nippon Keidanren, a principal entidade empresarial japonesa.

De acordo com o representante-chefe para a América do Norte da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Joel Velasco, o debate não cabe no caso brasileiro e argumentos sólidos e concretos confirmam essa afirmação.

"Em primeiro lugar, o Brasil conseguiu substituir 50% de seu consumo de gasolina por etanol de cana-de-açúcar. O segundo aspecto importante é o cultivo de cana para produção de etanol não ultrapassa 1% do total das terras aráveis do País. E também mesmo sendo o maior e mais desenvolvido mercado de biocombustíveis do mundo, o Brasil é também um dos maiores produtores e exportadores de alimentos", disse.

Velasco destacou ainda aspectos ligados à sustentabilidade e às mudanças climáticas, revelando o papel que o setor sucroenergético brasileiro tem exercido em termos econômicos, ambientais e sociais.

"O trabalhador do setor sucroenergético brasileiro é um dos mais bem pagos da agricultura brasileira e quase 100% deles têm carteira assinada", afirmou, lembrando que 13% dos trabalhadores da agricultura americana são imigrantes ilegais, de acordo com o Pew Hispanic Center.

O executivo da Unica também mostrou os esforços do setor canavieiro do Brasil para se adequar às diretrizes internacionais de sustentabilidade do GRI (Global Reporting Initiative).

"Somadas, as ações realizadas por todas as usinas associadas à Unica chegam a 600 projetos de cunho sócio-ambiental, que mobilizam mais de 300 mil pessoas, com investimentos de R$ 160 milhões na safra 2007/08", informou Velasco.

O representante da Unica questionou se o Japão estaria disposto a adotar o E3 (mistura de 3% de etanol com gasolina) e depois o E10 (10% de etanol), com um consumo equivalente a 6 bilhões de litros de etanol por ano, e qual seria o combustível que o países emergentes, como China e Índia estariam usando quando aumentarem, nos próximos anos, a proporção de número de veículos por habitante: "o etanol limpo ou a gasolina em extinção?".