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Perda no campo de SC é de R$ 415 milhões por causa das chuvas

<p>As culturas de soja e milho, que não apresentam perdas significativas, começam a preocupar os produtores pela seca nas demais regiões do Estado.</p>

Redação (28/11/2008)-  Entidades ligadas ao setor agropecuário catarinense começam a colocar na ponta do lápis as perdas decorrentes das chuvas que arrasaram o Estado. Levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) aponta um prejuízo preliminar de R$ 415,5 milhões referentes a perdas em nove culturas. Além das lavouras de feijão e arroz, que contabilizaram as maiores perdas em valores, a produção de hortifrutigranjeiros do cinturão verde da Grande Florianópolis foi totalmente arrasada e a produção de mel e cebola caiu pela metade.

A lavoura que acumula o maior prejuízo, de R$ 124 milhões, é a de feijão. Dos 70 mil produtores do Estado, 80% foram atingidos e a produção prevista de 150 mil toneladas já registra quebra de 50%, ou seja, 75 mil toneladas de feijão deixarão de ser colhidas nesta safra. Conforme relatório elaborado pelos técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Cepa), esta atividade é bastante suscetível ao excesso de chuvas, que prejudica o desenvolvimento, além de aumentar a incidência de doenças.

No segundo lugar do ranking das perdas aparece a cebola. De acordo com a Faesc, dos 18 mil produtores em atividade em SC, 100% foram afetados e a produção estimada em 400 mil toneladas terá quebra de 50%, o que representa um prejuízo de R$ 100 milhões. A safra de arroz terá quebra de 15%, o que significa que 165 mil toneladas serão perdidas e o prejuízo será de R$ 96 milhões. A produção de trigo estimada em 250 mil toneladas, nesta safra, terá perda de 20% e R$ 23 milhões.

A produção de fumo pode alcançar um prejuízo de R$ 48 milhões. De acordo com a Epagri/Cepa, o fumo não foi comprometido somente pelo excesso de água. As perdas são acumulativas e decorrentes das insistentes chuvas e também pela falta de luminosidade. Por conta disso, a cultura não se desenvolveu como o esperado e sua qualidade está comprometida (fumo muito leve, com poucas folhas). Parte da cultura em desenvolvimento vegetativo ainda pode ser parcialmente recuperada, com tratos culturais e um reforço na adubação de cobertura, acreditam os produtores agrícolas.

Outros R$ 12,5 milhões serão perdidos pelos produtores de mel e a safra de 5 mil toneladas terá quebra de 50%. Os 75 mil produtores de leite também terão prejuízos estimados em R$ 6 milhões, pois a perda é de 10% da produção diária. Na bovinocultura de corte a perda estimada é de R$ 5 milhões.

Informações da Centrais de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa) apontam que 100% dos produtores de hortaliças foram afetados pelas chuvas e as perdas devem chegar a 80%, somando prejuízos de cerca de R$ 1 milhão.

As culturas de soja e milho, que não apresentam perdas significativas, começam a preocupar os produtores pela seca nas demais regiões do Estado onde não chove há 15 dias. "O quadro é grave para a agricultura como um todo. Onde não há excesso, há falta de chuva. Nesse momento é muito difícil calcular o valor real do rombo, mas sabemos que é muito dinheiro", diz o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri.

Embarques perdidos

Sem fluxo de navios registrados desde a última sexta-feira no porto de Itajaí, o agronegócio que por ali circula também já amarga prejuízos. Com a interrupção das operações do complexo portuário de Itajaí (SC), a Perdigão – em parceria com armadores que executam o transporte das exportações da empresa – remanejou suas operações de embarque para outros portos. Pelo menos temporariamente, são os portos de São Francisco do Sul (SC), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS) que vão embarcar os volumes negociados pela empresa no mercado internacional. A Perdigão já exportava por estes portos, porém de maneira complementar.

Os dias perdidos em virtude da tragédia climática e a nova rota, sinônimo de nova logística, deve fazer com que os volumes embarcados no mês de novembro fiquem abaixo das previsões iniciais da companhia. Perdas que a empresa espera reverter já no próximo mês com a nova estratégia de exportação.

Em comunicado à imprensa, a Perdigão informou que "nenhuma das unidades industriais da no Estado, concentradas na região Oeste, sofreram danos materiais que exigissem a interrupção de suas atividades. Todas estão operando normalmente".

O bloqueio das principais estradas que compõem a malha viária catarinense, devido às quedas de barreiras, também demandaram um redirecionamento logístico em "busca de rotas alternativas. Dessa forma, foi possível garantir os deslocamentos de cargas com produtos fabricados em Santa Catarina para todas as centrais de distribuição no país", informou a assessoria. Parte dos funcionários da empresas estão trabalhando nos resgates das vítimas da tragédia.

Ajuda alimentar

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve entregar esta semana 708 toneladas de alimentos aos catarinenses, volume equivalente a 32.540 cestas básicas, além de outras 54 toneladas de feijão e 42 mil litros de leite.

Já foram distribuídas mais de 288 toneladas de alimentos em 12.540 cestas básicas – 5 mil da Superintendência Regional da Conab em Santa Catarina e outras 7.540 enviadas pelo Rio Grande do Sul. Mais 420 toneladas de alimentos armazenados na unidade da estatal em Herval do Oeste devem ser transferidos para o município de São José, na grande Florianópolis.

A Conab já enviou 54 toneladas de feijão do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para Itajaí e Blumenau. Os 42 mil litros de leite longa vida também serão doados via PAA. A estatal explica que o leite foi incluído excepcionalmente nestas doações, face à falta de água potável para consumo, necessária à diluição do leite em pó.